O médico Paulo Marcelino Andreoli Gonçalves, ex-prefeito de Campina da Lagoa usava a identidade do irmão, Odilon Gonçalves (ex-prefeito de Roncador), para trabalhar no Hospital Municipal Santa Terezinha, no município de Cruz Machado (PR).
A denúncia foi divulgada pela Rádio Colméia de Cruz Machado. O médico estaria com o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina, por isso teria fraudado a documentação. Segundo a notícia veiculada pela rádio, Gonçalves começou a trabalhar em Cruz Machado dia 22 de abril. Algumas atitudes dele, porém, teriam levantado suspeitas da equipe técnica do hospital. Em uma pesquisa no Conselho Regional de Medicina, descobriram que o registro estava cassado, o que tornaria o profissional inapto para exercer a função.
Alguns pacientes afirmaram que ele prestou um bom atendimento, demonstrando tranquilidade e conhecimento do que estava fazendo. No entanto, o que levantou suspeitas foi que ele atendia o telefone usando o nome verdadeiro. Ouvido pela rádio, o prefeito do município, Antonio Szaykowski, disse que ao perceber a movimentação o médico fugiu do hospital e estaria sendo procurado pela Polícia Militar. Ele pode responder pelos crimes de exercício ilegal da Medicina e falsidade ideológica. Segundo o prefeito, Gonçalves foi contratado como plantonista pela empresa que presta serviços ao município.
O assessor jurídico da Prefeitura, João Cleverton Komar, disse que um processo administrativo será aberto para apurar as responsabilidades da empresa e do médico. A empresa, com sede em Ibaiti (PR), presta serviços de plantão médico no Hospital Municipal. Segundo a rádio, na lista dos plantonistas fornecida pela empresa, não consta o nome de Paulo Gonçalves, mas do irmão Odilon, que está com o CRM ativo e já havia prestado serviço para a mesma empresa em outros municípios. “A empresa também foi enganada por este Paulo, que se passou pelo seu irmão. Também fomos surpreendidos com a notícia.
A empresa lamenta pelo ocorrido e vai tomar todas providências cabíveis necessárias para que este criminoso pague pelos crimes que cometeu contra empresa e contra município de Cruz Machado”, disse o advogado da Empresa, Tiago de Freitas Siqueira.
Não é a primeira vez que o médico se envolve em problemas no exercício da profissão e na gestão do município. Ele já apareceu duas vezes em reportagens do Fantástico, da Rede Globo, sempre envolvido em polêmicas.
Ele responde vários processos na Justiça e já foi condenado pela morte de um bebê de quatro meses, em 1995, por complicações em uma cirurgia de hérnia, quando trabalhava em Campina da Lagoa. Em janeiro de 2019, uma reportagem do Fantástico deixou o médico conhecido como “Doutor Faz Tudo” no município de Guaíra, no oeste do Paraná. Lá ele foi acusado de 33 procedimentos que tiveram complicações e pelo menos três mortes. Por conta dessa acusação ele chegou a ser preso, mas foi solto em menos de 24 horas.
Mesmo com formação e não realizando procedimentos que pudessem ter causado danos aos pacientes, o médico não deveria exercer a profissão, pois tem seus dois registros, no Paraná e no Mato Grosso do Sul, cassados pelo Conselho Federal de Medicina. “Isso não justifica ele ter usado os documentos de seu irmão para atender e nos prestar esse serviço”, comenta o advogado da empresa.
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