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Arcebispo denuncia mortes em Cafunfo e explorações diamantíferas

O arcebispo de Saurimo, José Imbamba, denunciou hoje que na região de Cafunfo e em zonas de exploração diamantífera do leste de Angola “continuam a morrer pessoas”, responsabilizando os seguranças que protegem as minas, e pediu a “salvaguarda da vida”.

Redação
Por: Redação Fonte: https://africa21digital.com/2021/05/05/angola-denuncia-que-mortes-continuam-em-cafunfo-e-exploracoes-diamantiferas/
05/05/2021 às 18h27 Atualizada em 05/05/2021 às 18h31
Arcebispo denuncia mortes em Cafunfo e explorações diamantíferas

“Em Cafunfo, ainda continuam a morrer pessoas, nas zonas de exploração diamantífera ainda continuam a morrer pessoas, portanto os seguranças das empresas que defendem as minas ainda continuam a massacrar pessoas”, afirmou o prelado católico, em entrevista à Emissora Católica de Angola.

Para o arcebispo católico, a Igreja “não se vai calar” perante atos que atentem contra a vida das pessoas, observando que a denúncia “não é manchar este ou aquele”.

“É simplesmente clamarmos pela segurança, pela vida, pelo respeito e pela garantia de um trabalho digno a todos os cidadãos”, notou.

O arcebispado de Saurimo, província angolana da Lunda Sul, compreende as províncias eclesiásticas ou dioceses do Luena, província do Moxico, Dundo, província da Lunda Norte e Saurimo, e província da Lunda Sul, todas no leste de Angola.

As províncias das “Lundas” norte e sul são as maiores produtoras de diamantes de Angola.

Na semana passada, dois garimpeiros foram mortos a tiro por seguranças na mina de diamantes do Cuango, Angola, quando se tentaram insurgir contra os vigilantes, segundo disse à Lusa o responsável da empresa concessionária (Sociedade Mineira do Cuango), localizada na província da Lunda Norte.

A mina registou um outro incidente, no dia 21 de abril, em que dois jovens foram atingidos a tiro nos pés, depois de reagirem com violência contra os seguranças, de acordo com Helder Carlos.

A vila mineira de Cafunfo, província angolana da Lunda Norte, foi palco de incidentes, na madrugada de 30 de janeiro passado, que resultaram em mortos e feridos, atos considerados pelas autoridades como “uma rebelião”, mas pela sociedade local uma “manifestação pacífica”.

Segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, uma esquadra policial de Cafunfo, província angolana da Lunda Norte, e em defesa as foras de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de vinte mortos.

Na sequência dos incidentes, o Bureau Político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) emitiu um comunicado repudiando os atos e condenando alegadas interferências externas.

À rádio católica angolana, José Imbamba, também vice-presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), classificou o comunicado do MPLA como “triste”, considerando ter sido “feito com emoção”.

“E não espelha aquilo que estamos a viver, nós não recebemos relatórios nos gabinetes, nós vamos ao local e o problema é que continuamos com os efeitos e não gostamos de ir à causa”, apontou o arcebispo angolano.

José Imbamba criticou também a “partidarização das instituições públicas”, defendendo a sua “descentralização e desburocratização”.

A melhoria das condições socioeconómicas das populações, sobretudo serviços básicos de saúde, educação, água, energia, saneamento básico e emprego constam entre as “motivações das reivindicações” dos cidadãos no leste de Angola, segundo relatos locais.

Para José Imbamba, que enaltece o regresso da sede das empresas Endiama e Fundação Brilhante, ao Dundo, o desenvolvimento “deve ser distribuído equitativamente” e “é preciso que haja polos de desenvolvimento disseminados por todo o país”.

“E sendo esta região rica por este recurso natural, então é de todo natural também que estas empresas se fizessem sentir na sua pujança a partir do solo onde exploram a riqueza que alegra todo o país”, frisou.

E o “desenvolvimento melhor”, sublinhou, “não é outro senão o desenvolvimento das pessoas, investir nas pessoas, investir na melhoria da cultura deste povo, investir em tudo aquilo que vai fazer com que a Lunda se emancipe, se desenvolva, se reencontre e contribua positivamente para o desenvolvimento harmonioso do país”.

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