‘‘Um mundo que está em alerta vermelho e que precisa de metas ambiciosas para se tornar um planeta verde’’, esse foi o recado do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, realizada nos Estados Unidos, durante o mês de abril.
Com a participação de 40 países, que representam 80% das emissões globais, o encontro ciceroneado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi promissor e um momento-chave para expandir a aliança entre países com o objetivo de cumprir as promessas do Acordo de Paris e de preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26, que será realizada ainda este ano, em novembro, no Reino Unido.
O esperado discurso do presidente do Brasil veio em tom ameno e o país se comprometeu, de maneira inédita no atual governo, com o tema da ambição climática. O presidente Bolsonaro prometeu reduzir em 37% a emissão de gases de efeito estufa até 2025, 40% até 2030 e a “neutralidade climática” – zerar as emissões de carbono – até 2050. Em sua fala, Bolsonaro sinalizou que dobrará o orçamento para fiscalização ambiental e irá eliminar o desmatamento ilegal. O discurso equilibrado e diplomático de Bolsonaro foi realizado com o propósito de obter apoio internacional e receber uma “justa remuneração” pelos serviços ambientais que serão prestados pelo Brasil.
Já o presidente americano reconheceu que seu país não está fazendo o necessário para conter o aquecimento global e anunciou metas ambiciosas para recuperar o tempo perdido no governo anterior. Sobre o Brasil, embora Biden tenha recebido com bons olhos o discurso, o país precisa apresentar uma agenda ambiental que traga evidências concretas de como pretendemos alcançar tais metas.
Esse será um ano decisivo. Vamos esperar as cenas dos próximos capítulos, que vão acontecer em novembro, em Glasgow.
*Norman Arruda Filho é presidente do ISAE Escola de Negócios e membro do Comitê Brasileiro do Pacto Global das Nações Unidas.