“O Governo deve solicitar o apoio da comunidade internacional para, de forma legal e aberta, apoiar Moçambique no combate a estes terroristas”, afirmou Ossufo Momade.
Momade defendeu o recurso ao auxílio internacional, numa comunicação que leu perante jornalistas e que não teve direito a perguntas.
“A ocupação de vários distritos de Cabo Delgado e os avanços progressivos dos insurgentes deixam as populações e o país inteiro numa grande insegurança e fica cada vez mais claro que há grandes fragilidades no seio das Forças de Defesa e Segurança”, enfatizou.
Sem uma resposta eficaz, prosseguiu, a ação de grupos armados poderá alastrar-se da província de Cabo Delgado a outras duas províncias da região norte, nomeadamente Nampula e Niassa.
O presidente da Renamo repudiou o recurso a “mercenários” para o combate aos grupos armados, assinalando que esta opção só vai agravar a violência e a vulnerabilidade da soberania moçambicana.
Ossufo Momade defendeu que o Governo deve empenhar-se na identificação dos autores da violência armada no norte, “que parece ter apadrinhamento interno, a avaliar pela forma como começou esta guerra e a maneira estranha como foram negligenciadas as informações de alerta, logo em 2017”.
Momade criticou o “triunfalismo” das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na luta contra os grupos armados, classificando-o como “inconsistente e chavões desqualificados”.
O presidente da Renamo alertou para a situação de “desespero” em que se encontram milhares de pessoas obrigadas a fugir da guerra no norte, deplorando a falta de condições nos centros e nas famílias de acolhimentos dos deslocados.
Ossufo Momade censurou ainda o Presidente da República, Filipe Nyusi, por ter dito que o ataque do dia 24 de março à vila de Palma “não foi o maior que tantos outros”, acusando-o de “secundarizar a vida e o sofrimento do povo”.
A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há cerca de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projetos de gás natural.
Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.
O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.