O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que o comitê nacional criado para enfrentar a crise da covid-19 é uma iniciativa que vem para somar, em um esforço conjunto entre várias lideranças políticas na busca de uma resposta para a população. A afirmação foi feita durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (25), pouco antes da sessão do Congresso Nacional.
Na visão de Pacheco, o comitê surge em um momento crítico, depois de um ano de pandemia. Ele disse que a falta de insumos, de vacinas e de leitos evidencia a crise aguda que o país está atravessando e manifestou solidariedade às famílias de quem morreu em decorrência da covid-19. Pacheco também destacou a importância do presidente Jair Bolsonaro na liderança do comitê.
— Este momento recomenda uma ação. E essa ação envolve diretamente o presidente da República. A forma que encontramos foi a criação do comitê — afirmou o presidente do Senado.
Pacheco voltou a cobrar mudanças na política externa do país, como forma de facilitar a aquisição de vacinas contra a covid-19. Ele lembrou que a sessão especial realizada nesta quarta-feira (24) com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já serviu como um alerta para o governo federal. Segundo Pacheco, um dos erros do governo durante a pandemia foi a falta de negociação no ambiente externo. Ele afirmou, porém, que ainda há tempo de mudar a política externa “para salvar vidas”.
Sobre uma possível saída do ministro Ernesto Araújo, o presidente do Senado não quis opinar. Ele afirmou que a saída e a entrada de ministros competem exclusivamente ao presidente da República. Para Pacheco, o que é necessário agora é a mudança dos rumo da política externa, para que o Brasil consiga parcerias que facilitem a aquisição de vacinas. Ele disse que o trabalho do Ministério das Relações Exteriores está “muito aquém do que o Brasil precisa”.
— O que tem que mudar é a política externa do Brasil. Todos enxergam a necessidade um ambiente de maior diplomacia — declarou.
Rodrigo Pacheco confirmou que a Secretaria-Geral da Mesa do Senado vai investigar um suposto gesto racista de Filipe Martins, assessor Internacional do presidente da República, que teria sido feito durante a sessão especial de quarta-feira. Pacheco reafirmou que não quer fazer prejulgamentos, mas disse que, ao ver as imagens, é possível perceber Filipe Martins fazendo um gesto inapropriado para o ambiente do Senado.
— Queremos, mais uma vez, repudiar qualquer ato que envolva racismo ou discriminação de qualquer natureza e também repudiar qualquer gesto obsceno. Senado não é lugar de brincadeira — ressaltou.
Sobre a denúncia de que alguns empresários brasileiros estão se vacinando contra a covid-19 mesmo sem fazer parte dos grupos prioritários, Pacheco afirmou que não se pode admitir e tolerar que o Plano Nacional de Imunização (PNI) seja descumprido. Ele lamentou a denúncia.
— Não é ético nem possível pensar que alguém possa se vacinar fora do plano de vacinação — criticou.
O presidente do Senado também elogiou o trabalho do relator do Orçamento (PLN 28/2020), senador Marcio Bittar (MDB-AC), e da presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputada federal Flávia Arruda (PL-DF). O projeto vai a votação na sessão do Congresso Nacional desta quinta-feira.
— Uma vez aprovado, o Congresso já vai trabalhar na formação da Comissão Mista de Orçamento para o ano de 2022 — garantiu.
Pacheco informou que, após o feriado da Semana Santa, haverá uma sessão do Congresso Nacional para examinar os vetos presidenciais remanescentes. Ele acrescentou que haverá uma negociação entre o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), e os líderes partidários para definir um acordo sobre manutenção e derrubada de vetos.
Para Rodrigo Pacheco, a expressão “sinal amarelo”, usada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é uma manifestação legítima e uma demonstração de insatisfação com o governo federal. Pacheco ressaltou que o Congresso tem trabalhado por um ambiente de consenso e pacificação, mas apontou que é preciso uma sinalização no mesmo sentido por parte do governo.
— Precisamos, de fato, de união nacional para o enfrentamento dessa crise — destacou.