“Cerca de 71% dos óbitos foram registados nas províncias localizadas na zona centro. O crocodilo foi o animal que causou mais óbitos”, frisa a ANAC.
Os crocodilos atacam sobretudo nas províncias de Tete e Zambézia e foram responsáveis por 76 óbitos, equivalente a três quartos das mortes.
De acordo com o organismo, o crocodilo matou mais pessoas em fevereiro, um total de 19, seguido do mês de janeiro, 13, e dezembro, com nove óbitos – todos meses da estação das chuvas, que em Moçambique decorre de outubro a abril.
Nestes meses, o caudal dos rios sobe e faz com que várias zonas agrícolas e de habitação fiquem inundadas, aumentando os riscos para quem ali vive.
A maioria das vítimas de crocodilos tem sido crianças e mulheres que se deslocam pelas margens dos rios para banhos, lavar roupa ou para tirar água para consumo.
O número diz respeito aos acidentes registados pelas autoridades, sendo que outros casos em zonas remotas podem nem chegar a ser reportados.
O conflito homem-fauna bravia surge devido à disputa de espaço e recursos naturais, agravado pela necessidade de ocupação para a prática de atividades agrícolas, situação que se regista muitas vezes em comunidades que vivem próximas às áreas de conservação.
Todos os anos, as autoridades moçambicanas relatam casos de mortes, feridos, destruição de culturas pelos animais, tendo já sido desenvolvidos mecanismos para que a população os afugente, pelo menos até à intervenção de fiscais.
Em 2020, avança o relatório, foram destruídos 248,81 hectares de diversas culturas, maioritariamente por elefantes, sendo as províncias de Tete, no centro, e Gaza, no sul, as mais afetadas.
Não só o homem sofre nestes confrontos, mas também os animais: em 2020, 85 animais de diversas espécies foram abatidos “em defesa de pessoas e bens”, detalha a ANAC.
Além de pessoas, em consequência do conflito, foram devorados 258 animais domésticos, entre gado bovino, ovino e caprino, por leões, hienas e crocodilos.
A província de Tete, no centro do país, foi a que registou o maior número de ocorrências em resultado do conflito com animais selvagens, registando 39 óbitos, 26 feridos, 35 animais abatidos e 115,7 hectares de culturas destruídos, conclui-se no relatório.