A força da mulher brasileira foi destaque na sessão remota realizada pelo Senado na tarde desta segunda-feira (8). O requerimento para a sessão especial (RQS 708/2021), de autoria da senadora Rose de Freitas (MDB-ES) e de outros senadores, procurava comemorar o Dia Internacional da Mulher e homenagear as mulheres chefes de família e as mulheres negras. O requerimento também citava as mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia e as mulheres que atuam diretamente no combate à covid-19. Durante a sessão, profissionais como médicas, enfermeiras, vendedoras e produtoras rurais foram lembradas. Alguns senadores citaram as próprias mães para homenagear as mulheres.
A senadora Rose, que presidiu a sessão, se disse emocionada com a homenagem e lembrou que as conquistas legislativas para as mulheres são sempre feitas com muita luta. Ela destacou o trabalho das profissionais da área da saúde de maneira especial durante este tempo de pandemia. Rose lamentou a persistência da violência doméstica e elogiou a força da mulher que trabalha, que é mãe, que cuida dos pais idosos e que ainda luta por melhores condições de vida e por mais igualdade.
— Não são apenas histórias, estamos falando de vidas. Somos iguais e caminharemos juntos para vencer. Temos muito o que fazer — afirmou a senadora.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ressaltou a importância da data e disse que “esforços gigantescos” têm sido feitos pelo Congresso Nacional para diminuir as desigualdades relacionadas ao gênero. Segundo Pacheco, a comemoração da data mostra que a sociedade está dando um passo em direção a relações humanas mais justas. Ele ainda destacou conquistas da Constituição de 1988, elogiou o papel das 12 senadoras e pediu um maior número de representantes femininas no Congresso.
— Vamos seguir aprovando políticas públicas que contribuam para elevar todas as mulheres ao lugar de dignidade do qual são merecedoras — destacou o presidente, que anunciou uma pauta especial para esta terça-feira (9), voltada para temas de interesse da bancada feminina.
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) manifestou solidariedade a todas as mulheres que perderam maridos, pais, filhos, parentes e amigos para a pandemia do coronavírus. Ela também fez uma homenagem para todas as mulheres que trabalham na linha de frente do combate à pandemia. A senadora ainda lembrou a trajetória de mulheres do seu estado e ressaltou que o Rio Grande do Norte é o único estado brasileiro que tem uma governadora, a ex-senadora Fátima Bezerra (PT). Segundo a senadora, é tempo de desejar um mundo melhor, com igualdade, sem racismo e sem violência doméstica. Ela acrescentou que as mulheres brasileiras são pessoas de fé, que lutam e não desistem.
— Este é um mês em que a fala da mulher por liberdade e por igualdade encontra mais atenção. Eu me somo a todas as vozes femininas para exigir: vacina e auxílio emergencial já — pediu Zenaide.
Para a senadora Nilda Gondim (MDB-PB), toda a sociedade precisa lutar por igualdade e justiça social. Ela também fez uma homenagem às mulheres que atuam na linha de frente contra a crise do coronavírus. A senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) definiu o Dia Internacional da Mulher como uma data especial. Daniella fez uma homenagem especial à sua mãe, Virgínia Velloso Borges, que atua em uma unidade regional da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Segundo a senadora, sua mãe é uma mulher de muita fibra e muita garra, que tem trabalhado muito na pandemia.
— Você é uma inspiração! Vamos lutar juntos contra o coronavírus e vamos sair juntos dessa — disse a senadora.
Na visão da senadora Simone Tebet (MDB-MS), a alma feminina precisa ter espaço no coração de homens e mulheres. Ela apontou a comoção nacional decorrente da pandemia do coronavírus e fez uma homenagem especial às mulheres profissionais da saúde. Simone também elogiou o trabalho das profissionais da educação, que tiveram que reinventar o seu ofício durante a pandemia.
— Nos momentos difíceis, precisamos unir nossas forças — declarou Simone, que ainda cobrou a vacinação para toda sociedade.
O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que a data reforça a lembrança de importantes conquistas. Ele ponderou, no entanto, que é preciso dar espaço para os “lamentos”. Paim disse que o Brasil ainda tem um número muito alto de casos de violência doméstica e registrou que o país tem perdido um grande número de mulheres profissionais de saúde durante a pandemia do coronavírus. O senador também cobrou a participação dos homens no trabalho doméstico e lamentou o fato de as mulheres ainda serem vítimas de tanta desigualdade e violência.
— Faltam palavras para homenagear essas mulheres guerreiras. Só é possível mudar quando houver engajamento de todos. Não podemos nos abater. Vivam as mulheres do nosso Brasil e do mundo! — declarou Paim.
A senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) se disse triste pelo crescimento da violência doméstica e sexual durante a pandemia. Ela chamou as mulheres que trabalham na área de saúde de “heroínas” e cobrou o fim das desigualdades de gênero. Paulo Rocha (PT-PA) reconheceu que a luta das mulheres pela igualdade ainda continua. Ele apontou, porém, que essa deve ser uma luta de todos, especialmente dos representantes do povo no Legislativo.
— A pandemia escancarou as desigualdades. As mulheres são as que estão sofrendo mais. Fica aqui a minha homenagem a todas as senadoras, às mulheres profissionais de saúde, à trabalhadora rural, à que limpa a rua. As mulheres merecem as nossas homenagens — ponderou o senador, que fez uma homenagem especial à sua mãe.
Para a senadora Leila Barros (PSB-DF), apesar de existirem avanços para as mulheres nos últimos tempos, é preciso conquistar mais espaço na política e na sociedade. Ela disse que as mulheres foram as mais penalizadas com o aumento do desemprego na pandemia e lamentou o crescimento da violência doméstica. Leila ainda criticou a baixa atenção do governo com o assunto e lembrou o grande número de feminicídios no país.
— Prosseguimos sendo vítimas de agressões. É chocante constatar que, em pleno século 21, muitos homens agem como se estivessem na idade média. Não existe prazo para a nossa luta chegar ao fim — registrou a senadora.
De acordo com o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), as mulheres senadoras têm feito a diferença no Parlamento e são referência para os senadores homens. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que a liderança oficial da bancada feminina (PRS 7/2021), que deve ser votada nesta terça-feira (9), vai ajudar nas pautas de interesse das mulheres. Para a senadora, ainda há muita coisa a enfrentar na luta contra a violência doméstica e pela igualdade de gênero.
— O melhor presente não é sermos chamadas de lindas e belas, mas sermos chamadas de participantes — registrou a senadora.
O senador Esperidião Amin (PP-SC) apontou que as mulheres são a maioria na linha de frente contra a pandemia e reconheceu a dívida da sociedade na questão da igualdade de gênero. Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) cumprimentou todas as senadoras, as mulheres de Pernambuco. O senador disse que as mulheres são guerreiras e disse que o Dia Internacional da Mulher permite celebrar conquistas e cobrar avanços.
— Precisamos olhar para a condição da mulher não apenas no dia 8 de março. Esses temas devem pautar o Legislativo todos os dias do ano — registrou.
Humberto Costa (PT-PE) disse que o Dia Internacional da Mulher é um dia de reafirmação de lutas e lamentou o fato de o Brasil ainda ser um dos países mais violentos do mundo em questão de gênero. O senador ainda pediu um debate sobre a paridade de representação entre homens e mulheres no Legislativo e criticou a “cultura machista” do presidente Jair Bolsonaro.
— Precisamos assumir o compromisso da defesa da igualdade de direitos e do respeito à diversidade — declarou.
O senador Wellington Fagundes (PL-MT) citou a esposa como exemplo de “ternura de mulher”. Ele também lembrou as irmãs, a cunhada e a sogra para homenagear todas as mulheres. O senador ainda destacou as profissionais da educação e da saúde, ao dizer que todas as homenagens a essas profissionais são justas e merecidas. Fagundes também anunciou que terminou de apresentar um projeto que reserva 30% das vagas nas casas legislativas para as mulheres (PL 763/2021).
— As mulheres são heroínas e estão em tudo. Estão na linha de frente do combate à pandemia — destacou o senador, que também cobrou a implantação imediata do auxílio emergencial.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) se disse honrado em fazer parte de uma legislatura com “mulheres fantásticas”. Ele lamentou, no entanto, que a igualdade garantida na Constituição ainda não faça parte da realidade do país. O senador anunciou que apresentou seis projetos em favor das mulheres e cobrou mais dignidade para os profissionais de saúde, lembrando que a maior parte da categoria é composta por mulheres.
Para o senador, o Dia da Mulher é importante para comemorar, mas também para denunciar a violência contras mulheres, de maneira especial contra a mulher pobre e negra. Contarato ainda citou o pastor e ativista Martin Luther King, para dizer que também tem o sonho de um Brasil melhor, mais justo e igualitário.
— As mulheres são guerreiras, que precisam de vez e de voz. Eu sonho o dia em que, efetivamente, homens e mulheres sejam iguais — declarou o senador.