O Brasil vive o pior momento da pandemia, desde que o primeiro caso de covid-19 em território nacional foi confirmado, há pouco mais de um ano. Na quarta-feira (3), o número de mortes diárias bateu recordes e 1.910 cidadãos perderam suas vidas, somando 259.271 óbitos desde o ano passado. O recorde anterior era do dia 2 de março, com 1.641 mortes. Os números são do Ministério da Saúde.
O cenário é de pessimismo, já que a tendência de crescimento das infecções e mortes é consistente, os estados anunciam a cada dia mais medidas restritivas para tentar conter a disseminação do vírus, como lockdowns e toques de recolher, e divulgam a inexistência de leitos de UTI e a incapacidade do sistema de saúde para atender a todos os doentes graves. Os senadores manifestaram pesar e preocupação pela situação crítica a qual o país atingiu e fizeram um minuto de silêncio durante a sessão plenária de quarta-feira.
“Vivemos um dos momentos mais tristes da história recente do Brasil. Chegamos ao pior momento da pandemia. Foram 1.840 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. Um recorde trágico que expõe a falha do Brasil em combater esse mal. Minha solidariedade a todos os brasileiros em luto”, publicou o senador José Serra (PSDB-SP) numa rede social. Inicialmente, foram divulgadas 1.840 mortes pela imprensa, mas o número final do Ministério da Saúde ficou em 1.910.
“O número de mortes por covid nas últimas 24 horas significa sete vezes a tragédia de Brumadinho, 27 voos da Chapecoense”, lamentou Rogério Carvalho (PT-SE), também em rede social.
Apesar do recorde, as informações da página oficial do Ministério da Saúde se focam no total de cidadãos recuperados. No portal da pasta, a manchete ressalta os mais de 9,5 milhões de brasileiros que enfrentaram a doença e sobreviveram ao longo do último ano, número superior à quantidade de casos ativos atualmente, de pessoas que ainda estão em acompanhamento médico e somam 867.769.
A postura do governo federal, com o presidente da República condenando governadores e prefeitos que adotam medidas restritivas para tentar conter a pandemia, em vez de apresentar algum projeto de coordenação nacional para enfrentar a doença, também foi criticada pelos parlamentares.
“A cruzada covarde do Bolsonaro continua em ritmo acelerado. O país acaba de perder 1.910 dos seus filhos. E o que faz o incapaz? Culpa a imprensa. O Brasil enfrenta alta de 11% nas mortes. No mundo, há um recuo de 6%, segundo a OMS. É muita perversidade”, publicou o senador Cid Gomes (PDT-CE).
“Hoje choramos a morte de 1.910 brasileiros que perderam a vida nas últimas 24 horas. Uma tragédia que poderia ser menor, não fossem o negacionismo e a falta de comando que enfrentamos”, afirmou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA).
“1.910 mortes em 24 horas. Uma tragédia anunciada diante do negacionismo de um desgoverno. É lamentável, é inadmissível!”, escreveu Paulo Rocha (PT-PA).
A lentidão no processo de aquisição das vacinas e de imunização da população também foi lembrada. Até agora, pouco mais de 7 milhões de brasileiros foram vacinados, entre integrantes da linha de frente da saúde e grupos prioritários, como idosos acima de 80 anos.
“Não há como não ficar triste. São 1.840 famílias chorando hoje a morte de seus entes. A covid-19 continua ceifando sonhos. O que está havendo no país não tem precedente. É uma tragédia anunciada! Esse terror pode acabar se vacinarmos nosso povo. A prioridade é a vacina! É a vida!”, disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
“Infelizmente, atingimos hoje mais um recorde no número de mortes causadas pela covid-19 no Brasil, com inúmeras famílias em luto, sem acesso à vacinação e reféns de um governo que demora em liberar auxílio para o povo”, afirmou o senador Jean Paul Prates (PT-RN)
“Novo recorde de mortes por covid-19 pelo quinto dia seguido demonstra que só há uma saída: vacinação imediata. Quem já pode, busque a proteção. Sem a vacina continuaremos na escalada de fechamento de empresas, desemprego, perda de renda, pobreza, miséria”, disse Simone Tebet (MDB-MS) também nas redes sociais.
Os parlamentares também se lembraram das medidas adotadas pelo Congresso para ajudar a combater a covid-19 e suas consequências, como: o Projeto de Lei (PL) 534/2021, que autoriza estados, municípios e setor privado a comprarem vacinas contra a covid-19 que tenham registro ou autorização temporária de uso no Brasil; a Medida Provisória (MPV) 1.004/2020, que abre crédito extraordinário no valor de R$ 2,5 bilhões em favor do Ministério da Saúde para viabilizar o ingresso do Brasil no consórcio internacional de vacinas Covax Facility; e a da PEC Emergencial (PEC 186/2019), que permite ao governo federal retomar o pagamento do auxílio emergencial em 2021 por fora do teto de gastos do Orçamento e do limite de endividamento do governo federal.
“Hoje o Brasil alcançou um trágico recorde: 1.910 mortes causadas pela covid-19 em 24 horas. Minha solidariedade a todas as famílias que estão enfrentando esse drama. Estamos aprovando leis para facilitar a compra e o registro da vacina e lutando por um auxílio emergencial de R$ 600”, afirmou o senador Weverton (PDT-MA).
“Infelizmente, batemos novo recorde de mortes pela covid-19. Por mais que eu não queira politizar, não posso deixar de apontar as responsabilidades. Tristemente temos um governo federal que nega a ciência e brinca com o povo, receitando remédios e dizendo que é uma ‘gripezinha’. O presidente afirma que se dependesse só dele seria tudo diferente. Eu digo: seria pior. Se não fosse o Congresso, não tinha Fundeb, não tinha auxílio emergencial de R$ 600, não tinha lei Aldir Blanc para socorrer a cultura, não teria nenhum tipo de ajuda para a população”, publicou Jaques Wagner (PT-BA).