*Por Renata Bueno
Os ativos italianos estão em disparada desde que o nome de Mario Draghi foi mencionado como o mais provável candidato para substituir Giuseppe Conte no cargo de primeiro-ministro. Contudo, engana-se quem pensa que essa foi uma decisão às pressas.O nome de Draghi já circulava no parlamento italiano desde as eleições de 2018, como uma proposta dos partidos em fazer uma grande aliança em torno de um nome suprapartidário. Agora, mediante a crise governamental, o próprio presidente sugeriu Draghi como técnico, para que pudesse fazer a convergência desses partidos.
Mas por que um gestor técnico? Draghi foi presidente do Banco da Itália (2006 – 2011) e do Banco Central Europeu (2011 – 2019), sendo um dos responsáveis por salvar a zona do euro na crise de 2012. Com o apoio da maioria parlamentar – apenas o partido de extrema-direita ficou de fora, o Fraternidade da Itália –, ele entra em cena para pedir união e tentar reerguer o país neste um ano e meio de governo que vem pela frente. Não há tempo para polêmicas políticas, ele precisa atuar com muita rapidez, apoio e sustento da parte de todos.
O principal desafio neste momento é sair da prolongada recessão econômica que a Itália sofre desde o início da última década. Respiramos em 2015, mas voltamos a afundar em consequência da pandemia. E as dificuldades não param por aí. Além dos problemas econômicos, Draghi precisa pilotar a crise sanitária, reconduzindo a população ao retorno a uma vida normal. Como fazer isso? Através de uma união nacional.
Quando assumiu o cargo, Draghi ressaltou a importância essencial de envolver as autoridades regionais e municipais, bem como os parceiros sociais, nas decisões do governo. Ponto para ele. Envolver essas lideranças é muito interessante para viabilizar na prática a ascensão do país.Afinal, não basta apenas aprovar leis e decretos governamentais, as medidas devem ser absorvidas pela população.
Se vai funcionar? Tudo indica que sim. O que precisamos fazer é garantir que os resultados positivos não sejam apenas um remédio momentâneo, mas sim projetos para o futuro. A Itália ainda é um país muito engessado e precisa de boas ideias para se renovar, reduzir a burocracia e, então, poder iniciar uma nova fase de sua história. Dessa vez, para melhor.
*Renata Bueno é uma política brasileira. Foi eleita vereadora de Curitiba (PR) pelo PPS, atual Cidadania, no ano de 2009 e, mais tarde, entre 2013 e 2018, atuou como deputada do Parlamento da República Italiana pela União Sul-Americana dos Emigrantes Italianos.