Os cães da raça pitbull estão entre os animais mais imcompreendidos e que mais sofrem preconceito por parte da população. É um bichinho em que as pessoas acreditam ser agressivos e nada amorosos. Mas será que os "achismos" são verídicos?
Para esclarecer os mitos que cercam essa raça conversamos com Wagner Wilson Bettega, cinotécnico da Royal Canin Brasil. Ele conta a seguir algumas curiosidades sobre os pitbulls e traz informações que você provavelmente não sabia, mas que irão esclarecer de uma vez por todas esses preconceitos.
Muitas pessoas não sabem, mas existem linhagens puras e não puras de pitbulls. De acordo com Wagner, durante os anos 90 até os dias de hoje, a raça sofreu e ainda sofre muito com a mestiçagem. "A grande maioria dos ataques registrados em nosso país, ocorrem, infelizmente, com estes mestiços, que diante dos olhos leigos, passam a ser julgados como pertencentes a raça american pitbull terrier (o pitbull puro), quando na realidade são cães sem raça definida (SRD)".
O especialista conta que quando entramos no tema relacionado aos ataques, analisando a maioria dos casos, a falta de orientação é um dos principais fatores para que eles acontecessam. Geralmente há uma grande combinação negativa entre o tutor e o cão, onde não se tem um conhecimento completo sobre a raça, ou até mesmo em relação ao convívio com cães sem uma educação adequada para que seja um animal de estimação. Geralmente o cão já é tratado com os preconceitos que o cercam desde o início de sua jornada.
"É uma raça, que como qualquer outra, requer cuidados com relação a educação voltada ao convívio com outros cães e animais, mas que diferente do que se pensa, se mostra muito fiel aos seres humanos", afirma Wagner.
Um dos grandes mitos criados com relação à raça está relacionado à sua mordida. Ao longo do tempo, criou-se uma falsa afirmação que dizia que se um pitbull mordesse alguém, ninguém conseguiria abrir a boca do cão. Além disso, criou-se o mito de que esta era a mordida mais poderosa do reino animal.
"A verdade é que como qualquer outro cão ou animal, o "peso da mordida" varia de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, se compararmos a mordida entre cães da mesma raça, ela varia em percentuais bem consideráveis, o que configura esta questão como um grande mito. Com técnicas adequadas, a boca de qualquer cão pode ser aberta no momento de uma mordida, sem machucar a vítima e sem machucar o animal" conta o especialista.
Ao contrário do que muitos pensam, são cães que podem sim ser bastante amorosos e ter um bom relacionamento com crianças. A agressividade não é genética, tendo muito mais a ver com a criação do animal. Portanto, o relacionamento entre ambos será benéfica, desde que o tratamento que o pitbull receber ao longo de sua vida também seja bom e amoroso.
Ao contrário do que também se pensa bastante, a raça pitbull não se desenvolveu como um bom cão de guarda. Na verdade, caracterizam-se mais como cães de esporte, ou seja, bons companheiros para se ter em uma família. Além disso, também dão ótimos animais de terapia, pois trazem todo o apoio emocional necessário para quem está sendo tratado, especialmente quando são crianças.
Além desses fatores, o especialista frisa que é fundamental que os tutores que têm interesse em adquirir um filhote da raça avaliem antes o seu perfil para entender se preenchem estes e outros pré-requisitos, para uma convivência harmônica com o animal. "É importante que procurem o universo de criadores sérios da raça no Brasil, profissionais que criem cães de raça pura, e sigam rigorosos processos para garantir o bem-estar animal", conclui.