Uma denúncia grave de suposta violência física e psicológica contra uma criança de 4 anos e meio com Transtorno do Espectro Autista (TEA) mobilizou a cidade de Cafelândia nos últimos dias. A mãe, Gilce Mendes de Oliveira Garbusz, acusa uma servidora do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Rosália Motter de agredir seu filho. O caso, que agora é alvo de investigação judicial, veio à tona após a família ser convocada pela Secretaria de Educação.
Gilce relatou que a convocação para a Prefeitura ocorreu no dia 10 de dezembro. Até então, a família não desconfiava de maus-tratos, atribuindo a agitação noturna do menino a outras causas. Foi no gabinete da Secretaria de Educação que os pais tiveram acesso a imagens de câmeras de segurança que, segundo eles, documentam a conduta da servidora.
De acordo com o relato da mãe, as filmagens mostram o momento em que a criança, incomodada com o barulho no pavilhão da unidade, uma hipersensibilidade comum no autismo, tenta se afastar. “Ela chega na maior brutalidade. Pega ele firme, ergue e joga no chão. Depois, ela ainda corre atrás dele com um chinelo”, descreveu Gilce, visivelmente emocionada. Segundo ela, mesmo após o menino ser contido por uma estagiária (PAP), a servidora teria continuado as agressões e proferido ameaças.
Gilce contou que o filho, que normalmente compartilha seu dia a dia, estava sob forte pressão psicológica e se recusava a falar sobre os episódios. “Quando perguntei se ela batia nele, ele ficou muito nervoso e mandava eu parar de falar. Só depois que garantimos que ela não estaria mais lá, ele confirmou as chineladas e as agressões”, relatou.
A família observou uma transformação significativa no bem-estar da criança logo após a servidora ser afastada do convívio com ele:
Fim do bruxismo severo: O menino parou de ranger os dentes intensamente durante a noite.
Tranquilidade recuperada: Passou a dormir profundamente, sem a agitação e o medo que apresentava antes.
A família ressaltou que a direção do CMEI estava ciente do laudo de autismo e das necessidades específicas do aluno desde o início do ano letivo. O pai, inclusive, reorganizou sua vida profissional, trocando para o turno noturno, para garantir que o filho tivesse a tarde livre para as terapias comportamentais e o atendimento na APAE.
“A gente faz de tudo por ele, e o problema estava lá dentro. Esperamos que a justiça seja feita e que essa senhora nunca mais tenha contato com nenhuma criança, com ou sem autismo”, declarou Gilce, enfatizando o sentimento de decepção e a busca por responsabilização.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Cafelândia informou que a servidora foi afastada imediatamente de suas funções assim que a situação foi identificada e apurada internamente. A pasta afirmou que todos os protocolos foram seguidos e que o caso foi encaminhado às autoridades competentes.
A investigação agora tramita na esfera judicial, onde serão apuradas as responsabilidades sobre os atos denunciados.