
Elas dominaram a 23º edição do Concurso Café Qualidade Paraná, cuja premiação foi realizada nesta terça-feira (25), no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Dos dez premiados nas duas categorias, seis são mulheres. E entre os cinco campeões regionais, elas levaram três prêmios. Ou seja, 60% dos troféus ficaram com cafeicultoras. E foram mãos femininas que produziram os dois melhores cafés do Paraná em 2025. Flávia Guimarães da Silva Rosa, de Apucarana, foi campeã na categoria natural e Sirlene Soares dos Santos Souza, de Pinhalão, foi a vencedora na categoria cereja descascado.
A premiação é promovida pela Câmara Setorial do Café do Paraná, formada pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) Sistema Faep e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina. É a terceira maior do gênero no Brasil. Na edição 2025 a competição envolveu a análise de mais de 100 amostras enviadas por produtores paranaenses, que separaram seus lotes para submeter à avaliação.
Na entrega dos prêmios, o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Marcio Nunes, destacou o cuidado dos produtores como um diferencial que torna o café paranaense um dos melhores do mundo. “Nosso café é produzido com qualidade e com sustentabilidade, porque temos a melhor água, temos as terras trabalhadas no sistema do plantio direto e correção do solo. Temos cuidado com as microbacias, as matas ciliares preservadas”, afirmou. “Temos que firmar essa característica. Vender o café com alta qualidade e com sustentabilidade.”
Flávia Guimarães da Silva Rosa participou pela segunda vez do Concurso Café Qualidade Paraná na categoria natural. No ano passado, ficou em terceiro lugar. Agora, foi a vencedora. “A sensação é de gratidão, agradecer a Deus, em primeiro lugar, por me permitir chegar até aqui, pois ser cafeicultor é nosso orgulho”, disse a campeã.
“Ter o nosso nome escrito na história do café especial do Paraná não tem preço. É maravilhoso”, afirmou a produtora. “Esse concurso agrega muito valor à agricultura familiar. Não pode desistir do sonho. Há horas difíceis, nem sempre é um mar de rosas, mas a gente não pode desistir nunca, que a vitória vem”, completou.
Para a cafeicultora Sirlene dos Santos Souza, a vitória no Concurso Café Qualidade Paraná veio pela segunda vez. Em 2022, ela já havia vencido na categoria natural. Agora, mudou de categoria e foi campeã com o café cereja descascado. “Foi um prazer muito grande ter participado desse concurso e conseguido o primeiro lugar, que é o reconhecimento de um trabalho de um ano de dedicação”, declarou.
“É um orgulho para minha família ter conquistado mais esse concurso. O reconhecimento incentiva a nos dedicar cada vez mais para levar o nome do Paraná cada vez mais longe, mostrar que os paranaenses conseguem cafés excelentes”, afirmou Sirlene.
E a coleção de prêmios não para por aí. Só neste ano, foram três. Além do primeiro lugar no Café Qualidade Paraná, Sirlene também foi campeã na última edição da Ficafé em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, e ficou em quarto lugar no Concurso Nacional Yara, realizado durante a Semana Internacional do Café 2025, em Belo Horizonte.
MULHERES DO CAFÉ - Sirlene credita o sucesso à participação no projeto Mulheres do Café, executado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). “Fazer parte desse grupo me ajudou muito. O IDR-Paraná me orientou com assistência técnica, com cursos e na etapa da venda do café. E com isso, ganhei vários concursos, agregando mais valor ao nosso produto final, mudando a vida financeira da minha família e aumentando minha autoestima por ter meu trabalho reconhecido”, destacou ela.
Além de Sirlene, outras cinco premiadas no Concurso Café Qualidade Paraná participam do Mulheres do Café, projeto que surgiu em 2013 por iniciativa do IDR-PR e que hoje está presente em 11 municípios do Norte Pioneiro, quatro cidades da região do Vale do Ivaí e um município do Oeste.
O IDR-Paraná dá assistência técnica exclusiva para as mulheres, numa metodologia participativa, construída junto com as cafeicultoras desde o início do projeto. “São feitas pelo menos cinco reuniões anuais com transferência de tecnologia para a produção de café especial, além de cursos, encontros e degustações para promover as bebidas produzidas por elas”, explica Cíntia Mara Lopes de Souza, extensionista do IDR-Paraná que coordena o projeto.
Desde 2015, dois anos após a criação do projeto, as mulheres estão no pódio entre os três melhores cafés do Estado, consecutivamente, no concurso Café Qualidade do Paraná, o que deu muita visibilidade para a região e abriu caminho para que elas conseguissem parcerias comerciais importantes com cafeterias e torrefações.
CAFÉ DAS MULHERES- Hoje, elas estão organizadas e formaram a Associação das Mulheres do Café do Norte Pioneiro, a AMO Café, e têm uma marca própria, a Café das Mulheres. “É uma marca coletiva que agrega lotes das cafeicultoras com cafés muito especiais, com atributos importantes da nossa região”, reforça a coordenadora do projeto.
O aumento da participação das mulheres na cafeicultura e no Café Qualidade Café é confirmado por Romeu Gair, extensionista do IDR-Paraná e um dos responsáveis pela organização do concurso. Segundo ele, nos últimos dez anos elas têm liderado tanto na inscrição quanto na premiação.
“O grupo das mulheres do café tem liderado essa questão da qualidade, principalmente devido ao trabalho delas dentro da propriedade. Enquanto o homem está mais preocupado em produzir café em quantidade, a mulher tira o tempo dela e acaba se dedicando a colher uma parte do café, com um certo cuidado, e com isso acaba melhorando muito a qualidade. Ela vai fazendo o nome e consegue vender esse café com preço diferenciado”, concluiu Gair.