
As sericicultoras paranaenses Diovane Plep Machado Moro, de Palmital, e Maria Rosa Pires de Sousa, de Godoy Moreira, viveram em Lyon, na França, uma experiência que dificilmente esquecerão. Vencedoras do Concurso Seda Paraná , elas representaram o Estado no Silk in Lyon, um dos principais festivais de seda do mundo, realizado entre 20 e 23 de novembro. Pela primeira vez fora do Brasil, as produtoras tiveram três dias de imersão técnica, cultural e histórica na cadeia produtiva da seda e foram recebidas com entusiasmo por artesãos e artistas internacionais.
A primeira-dama do Estado, Luciana Saito Massa, que acompanhou a comitiva, destacou o impacto da iniciativa e o papel das mulheres que sustentam a atividade. “Acompanhar nossas sericicultoras nesses dias em Lyon foi uma das experiências mais bonitas que já vivi. Ver o brilho nos olhos delas ao conhecerem a história da seda, ao encontrarem artesãos do mundo todo, e principalmente ao serem reconhecidas como as verdadeiras responsáveis por tudo aquilo, não tem preço”, afirmou.
"A seda começa com as mãos dessas mulheres e o mundo enxergou isso. Eu estou muito orgulhosa do que elas representam para o nosso Estado e para tantas famílias", complementou.
A programação começou na sexta-feira (21) com uma visita ao festival e ao tradicional “percurso da seda”, circuito apresentado pelo Museu Soierie Vivante que mostra, em detalhes, todas as etapas de produção, do casulo ao tecido final. As paranaenses também percorreram estandes de produtos artesanais, entre eles o da marca francesa “Les Fantaisies de Tante Sophie”, cujo trabalho feito à mão encantou o grupo.
A artista responsável, Sophie Perrillat-Charlaz, elogiou o concurso promovido no Paraná, presenteou as brasileiras com brincos feitos de casulo e celebrou a valorização da cadeia produtiva. O dia terminou com um passeio pelo centro histórico de Lyon.
No sábado (22), as produtoras retornaram ao festival para um encontro com Alexandre de Saint Loup, empreendedor social dedicado à revitalização da produção de seda na região de Cévennes. Elas conheceram ainda a exposição da cidade homenageada do ano, Soufli, na Grécia, e trocaram experiências com artesãs do Chipre que utilizam resíduos de casulos para criar peças sustentáveis.
A agenda incluiu uma visita à Maison des Canuts, museu que preserva a memória dos tecelões de Lyon e suas lutas por melhores condições de trabalho, um mergulho na identidade histórica da cidade que se tornou referência mundial em seda. Ele foi inaugurado em 1970 pela COOPTISS, uma cooperativa de tecelões.
O domingo (23) foi dedicado à Lyon Antiga, área tombada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, com visita ao bondinho que leva à Basílica de Fourvière e ao Fórum Romano. Mas o momento mais marcante veio da própria feira: o reconhecimento espontâneo de expositoras e artistas ao trabalho das sericicultoras paranaenses. Muitas se emocionaram ao saber que Diovane e Maria Rosa produzem a matéria-prima que sustenta o ecossistema internacional da seda.
Para as produtoras, ter o impacto do próprio trabalho em escala global foi uma experiência transformadora. “Ver a nossa seda transformada em arte é a realização de um sonho. É emocionante saber que aquilo que começamos lá no campo chega aqui na França”, afirmou Diovane.
SEDA PARANÁ– O Concurso Seda Paraná, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, do Gabinete da Primeira-Dama e da Invest Paraná, recebeu 430 inscrições de produtoras de 80 cidades. A seleção levou em conta o volume de casulos de primeira por área de amoreira e o teor da seda produzida. A iniciativa integra o programa Seda Paraná, desenvolvido pelo IDR-Paraná, que incentiva o investimento na sericicultura, valoriza o protagonismo feminino e redesenha processos de produção com base em pesquisa e inovação.
O Paraná é o maior produtor de fio de seda do Brasil, responsável por 86% da produção nacional, exportada para países como França, Itália, Índia, Japão e China. Em 2023, o Valor Bruto da Produção chegou a R$ 44,4 milhões, com 1,35 mil toneladas de casulos e 2.460 hectares de amoreiras plantadas. A atividade envolve principalmente agricultores familiares, cerca de mil famílias distribuídas por 148 municípios.