O que começou como um trabalho de conclusão de curso se transformou em um projeto de vida. À frente da Chemical Inovação, a empreendedora Elaine Pires decidiu unir sua paixão pela química e pelo meio ambiente para criar uma solução que ajuda a preservar rios e nascentes. Com o apoio da Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec), ela desenvolveu o sensor Water Drop MARAI, um equipamento que analisa, em tempo real, a qualidade da água e alerta sobre possíveis contaminações.
O impacto dessa inovação tecnológica possibilitou uma expansão global da startup, que hoje ganha visibilidade internacional. Menos de um ano após estar incubada no Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), durante o Web Summit Rio, a Chemical assinou um Acordo de Cooperação Técnica com a Câmara de Comércio das Beiras, em Portugal.
“Este acordo servirá como nossa porta de entrada para o mercado europeu. E o mais importante: saímos da promessa para a prática. Hoje, nossos clientes transformam dados em ação, pois otimizam o uso de químicos, evitam riscos de não conformidade e fortalecem sua atuação ética com dados 100% auditáveis. É a nossa missão sendo executada, nosso sonho de ver a tecnologia sendo usada em larga escala para melhorar a água do planeta”, afirma Elaine.
O diretor-presidente do Tecpar, Eduardo Marafon, diz que impulsionar novos negócios é o principal objetivo da incubadora do instituto. “Com a experiência de termos a primeira incubadora de base tecnológica do Paraná, o Tecpar apoia novos empreendedores a desenvolver seus projetos inovadores no Estado. É missão do instituto ser um indutor de desenvolvimento econômico no Paraná”.
A história da Chemical começou em 2017, quando foi lançada a primeira versão do aplicativo MARAI. Disponível para download gratuito, ele permite que qualquer pessoa faça um pré-diagnóstico da água diretamente na tela do celular. Agora, a tecnologia evoluiu para uma versão corporativa, já disponível no mercado. O dispositivo conta com o sensor Water Drop MARAI, que faz centenas de medições automáticas por dia e envia os dados para uma plataforma digital, permitindo acompanhar indicadores como pH, temperatura e turbidez.
A solução tem despertado o interesse de indústrias e gestores ambientais, por oferecer uma forma mais rápida e sustentável de controle da água, um recurso essencial que, muitas vezes, só recebe atenção quando já é tarde demais.
Desde então, o projeto recebeu validação técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), dentro do programa Smart Factory, parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A tecnologia foi implementada e validada em 16 indústrias de diferentes setores. O resultado foi o desenvolvimento de ativos-chave para a escalada da empresa e a garantia de qualidade, como os manuais de calibração e a Jiga Test, que simula condições reais de uso e testa automaticamente todos os processos de segurança e funcionalidade, padronizando o controle de qualidade de cada sensor fabricado.
“O sensor está totalmente operacional e em campo. Nossa plataforma já ultrapassou a marca de 500 mil medições em ambiente real, e a solução foi implementada em cerca de 20 empresas, distribuídas por mais de 10 cidades, abrangendo setores críticos como saneamento, indústria química, alimentícia e têxtil”, afirma Elaine. “E o mais importante é que já avançamos para contratos fechados que estão gerando receita com grandes players nacionais”.
Todo esse avanço consolidou o faturamento da empresa em 2025, e a meta para o próximo ano é multiplicar o resultado, com projeções que superam R$ 1 milhão.
Como parte da estratégia de crescimento, a startup concluiu uma rodada de investimento-anjo, liderada pela aceleradora WOW, com adesão de investidores estratégicos. Além do capital, eles trouxeram validação de mercado e networking. “A confiança e o apoio desses nomes, que acreditam profundamente em nossa visão, é o que nos permite agora escalar a produção”, acrescenta Elaine.
INCENTIVO– Desde que foi incubada no Tecpar, a Chemical recebeu apoio técnico, acesso a laboratórios e orientação para estruturar o modelo de negócio.
Para o gerente do Creative Hub do Tecpar, Rogério Moreira de Oliveira, as startups que passam pela Intec têm muito potencial de mercado. “Quando o Tecpar apoia iniciativas como a da Chemical, o que estamos fazendo é abrir caminho para que ideias inovadoras se transformem em soluções reais, com impacto direto na sociedade”, diz Oliveira. “No caso deles, o sensor ajuda a monitorar a qualidade da água em tempo real, e isso tem um reflexo enorme em sustentabilidade e na preservação ambiental. Ver esse tipo de tecnologia ganhando corpo e saindo do laboratório para o mercado mostra que o ecossistema de inovação do Tecpar está funcionando na prática”, comemora.
A trajetória da Chemical Inovação simboliza o fortalecimento do ecossistema de inovação do Paraná, que vem estimulando startups voltadas a desafios ambientais e sociais. Mais do que um produto, o Water Drop MARAI representa uma nova forma de pensar o cuidado com a água, é a tecnologia a serviço do meio ambiente e da sustentabilidade, destaca Eliane.
INCUBADORA DO TECPAR – Criada em 1989, é a primeira incubadora de base tecnológica do Estado. Atualmente, passam pelo processo de incubação nove empresas, dos mais variados ramos de atuação.
A Intec está com edital aberto para novos ingressos de empresas ou startups no seu programa de incubação. Estão sendo selecionadas empresas de base tecnológica que tenham propostas de produtos, serviços ou modelos de negócio inovadores. Para se candidatar a uma vaga, os participantes precisam demostrar inovação em seu projeto, conforme critérios que serão avaliados por uma banca examinadora.