O Teatro José Maria Santos recebeu, neste domingo (16), a última apresentação do ano do espetáculo “Gregor – uma odisseia patética”, montagem da G2 Cia. de Dança do Teatro Guaíra. O público que lotou o auditório, se emocionou com a jornada de Gregor, encerrando uma temporada de sucesso com plateias cheias.
Ao todo, somando as duas temporadas, mais de 1.500 pessoas assistiram ao novo espetáculo desde sua estreia, em maio. A obra marca também os 25 anos da única companhia pública de bailarinos master da América Latina.
Com direção e dramaturgia de Andrei Moscheto, do grupo Antropofocus, a peça levou aos palcos uma narrativa sensível e bem-humorada sobre os desafios da existência, combinando dança, teatro físico e comicidade. Esta foi a primeira incursão do G2 no universo da comédia.
Moscheto ressaltou a experiência gratificante de trabalhar com o G2 neste projeto e falou sobre o amadurecimento do espetáculo nesta segunda temporada: "Foi uma tremenda honra esta experiência de trabalhar com a G2 Cia. de Dança e revisitar a jornada de Gregor com uma equipe tão criativa e experiente. Conseguimos dar um passo além em relação ao que foi criado no começo do ano, evoluindo o espetáculo para algo ainda mais rico”, comentou.
A temporada atraiu um público diverso, incluindo muitos que não puderam vir na estreia, em maio, e aproveitaram a segunda temporada de novembro para acompanhar o espetáculo. O programador Davi de Melo saiu encantado e se divertiu muito. “Foi muito divertido, gostei muito, mas também tem uma reflexão trazida que é bem importante”, comentou.
“Eu recomendaria para muitas pessoas que trouxessem crianças e adolescentes porque é muito profunda; acho que tem vários ensinamentos importantes”, complementou a estudante Francesli Francisco, de 17 anos, que veio pela primeira vez assistir a um espetáculo da G2 Cia. de Dança.
A estudante universitária Sophie Louise Sampaio também concordou que o espetáculo, mais que uma comédia, foi um convite ao público para pensar sobre questões existenciais. “A gente deixa muita coisa por medo, ou por conta da rotina, e esquece de viver. Então achei interessante trazerem esta temática ao palco e mostrar que todos podem ter uma segunda chance de tentar melhorar e fazer diferente. Achei a forma como a G2 Cia. de Dança trouxe isso ao palco muito bonita”, comentou.
“Eu amei o espetáculo. Acompanho o trabalho da companhia há vinte anos e estou emocionada com o que vi e que Gregor chancela e assina o talento da G2 Cia de Dança”, elogiou a atriz e professora de arte Fernanda Morais.
PROCESSO CRIATIVO– A proposta estética do espetáculo mantém a tradição da G2 Cia. de Dança de investir em linguagens híbridas e na experimentação artística. A dramaturgia foi construída de forma colaborativa, reunindo várias referências de humor, que vão do cartunista argentino Quino ao humor gestual do trio espanhol Tricicle, passando pelo cinema clássico de Jerry Lewis e pelas reflexões existenciais inspiradas na obra de Franz Kafka.
A trilha sonora e a sonoplastia do espetáculo são assinadas por Enzo Veiga; a cenografia é de Gabrielle Windmüller, com assistência de Su Monteiro; os figurinos são de Cris Rosa; os adereços, de Fer Bueno; a iluminação, de Nathan Gabriel; e a assistência de direção, de Vitor Berti. No palco, os artistas Clionise de Barros, Júlio Mota, Rogério Halila, Leandro Nascimento, Cinthia Andrade, Grazianni Canalli, Neury Gaio, Daisy Wor e Ricardo Garanhani deram vida à obra.
G2 CIA. DE DANÇA– Criado em dezembro de 1999, o G2 Cia de Dança nasceu no Centro Cultural Teatro Guaíra a partir do desejo de dar continuidade à carreira dos bailarinos do Balé Teatro Guaíra, valorizando a maturidade artística conquistada ao longo dos anos. Inspirado em uma companhia pública holandesa formada por bailarinos master, o projeto surgiu com o propósito de explorar novos rumos e estéticas na linguagem da dança contemporânea. A estreia do G2 aconteceu em julho de 2000, com os espetáculos Instável Sonata, de Adriana Grechi, e Pare, pense, faça alguma coisa!, de Tuca Pinheiro. Atualmente, o G2 é a única companhia pública de bailarinos master em atividade na América Latina, reafirmando seu papel de referência e inovação na dança contemporânea.
PERSPECTIVA PARA 2026 – Nó próximo ano, a companhia traz aos palcos o espetáculo “GAG – Uma livre adaptação de Heinrich Von Kleist sobre o Teatro de Marionetes” que irá circular pelo Estado do Paraná no primeiro semestre. Em março, a companhia deve se apresentar em Guarapuava, Maringá e Campo Mourão e em abril, estará nas cidades de Telêmaco Borba e Francisco Beltrão.
“Este é um espetáculo muito bem-sucedido, com temporadas marcantes e cada elemento da peça se entrelaça de uma forma única na dramaturgia, com uma visualidade singular, na qual diferentes referências se articulam em uma unidade estilística”, explicou o diretor artístico do Centro Cultural Teatro Guaíra, Áldice Lopes. Livremente inspirado no ensaio “Sobre o Teatro de Marionetes”, de Heinrich von Kleist, o espetáculo também dialoga com as gags — esquetes humorísticas do universo circense — e com a peça “Os Gigantes da Montanha”, de Luigi Pirandello.