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No DF, candidatos do Enem chegam cedo sob sol forte e ansiedade
Prova deste domingo inclui ciências exatas e da natureza
16/11/2025 15h25
Por: Redação Fonte: Agência Brasil

O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 começou sem registros de transtornos ou ocorrências de destaque no Distrito Federal. Os portões dos locais de prova foram fechados pontualmente às 13 horas (horário de Brasília) – meia hora antes do início do certame.

Ansiosos para as provas de exatas e ciências da natureza, candidatos chegaram cedo, em dia de sol forte, para evitar contratempos.

Em todo o país, mais 4,81 milhões de estudantes se inscreveram para participar do exame, considerado a principal ferramente de acesso ao ensino superior no Brasil, e aceito por algumas instituições de ensino do exterior.

Só no Distrito Federal, mais de 82,9 mil candidatos estavam aptos a comparecer e responder às 90 questões de matemática, química, física e biologia.

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Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal e Territórios, até as 14 horas, poucas ocorrências tinham exigido a intervenção policial, quase todas elas relacionadas à perturbação do sossego em áreas próximas aos locais de prova, como no caso de um motorista que estava estacionado próximo a um destes lugares, com o som do carro ligado, com o volume alto.

Além disso, um aluno teve convulsões já dentro da sala de aula, pouco antes do início das provas, e teve que ser atendido pelo Corpo de Bombeiros.

Antecedência e ansiedade

A estudante universitária Luiza Jesus Matos, de 19 anos, chegou ao local de provas, no bairro Asa Norte, em Brasília, antes das 11 da manhã. Embora esta seja a segunda vez que está prestando o Enem desde que concluiu o Ensino Médio, no fim de 2024, ela não escondia a ansiedade.

“Estou me sentindo mais preparada que da primeira vez [no ano passado]. Mesmo assim, estou nervosa”, contou Luiza à Agência Brasil . Ao longo deste ano, a jovem se desdobrou para conciliar a preparação para o Enem com as aulas do segundo semestre do curso de Ciências Políticas, que faz em uma universidade privada de Brasília, com as do curso de Tecnologia em Eventos, do Instituto Federal de Brasília.

“Estudei para o Enem todos os dias sozinha. Assistia a vídeo-aulas e fazia resumos que, depois, eu repetia em frente ao espelho, para decorar o que aprendi", acrescentou a estudante

Luiza admite a possibilidade de estar ainda mais nervosa neste segundo dia do que no domingo anterior (9), quando os candidatos tiveram que responder a 90 questões objetivas de Linguagens e Ciências Humanas e escrever uma redação sobre as perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira .

“Tenho mais dificuldades com matemática do que as humanas em geral. Daí, o nervosismo hoje. Se bem que, na semana passada, eu estava muito ansiosa em relação à redação. No fim, eu achei o tema bem de boa”, concluiu a estudante.

A mãe de Luísa, a assistente social Chris de Jesus Nunes, acompanhou a filha para demonstrar seu apoio e, ao mesmo tempo, tentar manter a filha calma.

"Tem que levar na tranquilidade, ou não consegue fazer a prova”, disse, antes de reconhecer à reportagem que todo o processo é muito cansativo, e o estresse, natural. “É um processo muito cansativo, tanto para eles [candidatos], quanto para a gente [parentes e cuidadores]. São muitas horas de estudo, se preparando”.

Sol forte

Mesmo morando próximo ao local de provas, José Eduardo Nascimento, 53 anos, também preferiu chegar bem antes da abertura dos portões. Não só para evitar contratempos, como para não ter que se apressar sob o sol escaldante da capital federal, cujos termômetros chegaram à casa dos 30ºC por volta do meio-dia deste domingo.

“É bom chegar com calma”, afirmou Nascimento.

Dono de uma barbearia, Nascimento concluiu o ensino médio em 2010. Agora, quer voltar aos bancos escolares para cursar Marketing. Para isso, frequentou aulas em um curso pré-vestibular comunitário do projeto Educação e Cidadania para Afrodescendentes e Carentes (Educafro), aproveitando todo o tempo livre para estudar.

“Estudei bastante, focando principalmente na redação, que fizemos na semana passada. Como minha maior dificuldade é matemática, eu hoje estou um pouco mais ansioso, mas acho que vai dar tudo certo”.

Renda extra

Já para a promotora Keyse Oliveira da Silva, 24 anos, o Enem é trabalho, uma oportunidade a mais de obter um dinheirinho.

“Trabalho fazendo todo tipo de divulgação de marcas, promoções, recepções, eventos, buffet. No Enem, além de divulgar faculdades e cursinhos, também já trabalhei como fiscal de provas”, contou a moradora de Sobradinho, revelando que algumas empresas chegam a pagar R$ 150 a diária, mais comissões por metas atingidas, que podem elevar os ganhos para R$ 300 ou mais.

“Faço isto desde 2021, depois da pandemia da covid-19. E há muita gente que vive só disso. Porque não é só o Enem. Aqui, em Brasília, por exemplo, há muitos concursos públicos. Então, tem gente que mesmo tendo outros trabalhos, não perde a oportunidade de ganhar um dinheirinho extra aos finais de semana”, acrescentou, revelando não ver a hora do “próximo concurso ou exame”.

“A gente participa de um grupo no qual as pessoas compartilham as informações. Se a vaga for interessante, a gente se candidata, dizendo que temos disponibilidade para trabalhar naquela data”, finalizou.

"Treineiros"

Além dos candidatos que buscam uma vaga no ensino superior, o Enem também reúne os chamados treineiros, estudantes que ainda não chegaram ao terceiro ano do ensino médio e se inscrevem no exame para adquirir prática. É o caso das amigas Cibele da Costa e Ana Kaori Ando, de 17 anos, que foram fazer a prova na Universidade São Judas, na zona oeste de São Paulo.

"A expectativa é tentar acertar as questões que eu já estudei, já sei o conteúdo. Aí, nas que eu não sei, eu tento me virar com o que eu já sei", conta Cibele.

Ela e a amiga Ana Kaori estudam no segundo ano do ensino médio e ainda estão começando a direcionar o ritmo dos estudos para as provas. Cibele, que deve tentar uma vaga em Direito para 2027, teve dificuldade com os conteúdos que não conhecia na primeira prova, pois muito do que foi cobrado ela ainda não havia visto. Apesar disso, considerou a experiência positiva e acha que foi razoavelmente bem.

As gêmeas Isabel e Ana Tavares, de 18 anos, também foram treineiras no Enem deste ano, pela segunda vez. Seus focos são distintos: enquanto Ana pretende cursar uma formação de humanas, Isabel quer fazer biologia, e tem pela frente neste segundo dia os temas pelos quais se interessa e e lhe dão melhores expectativas.

"Acho muito importante pra saber como funciona a prova e também diminuir o nervosismo, porque todo mundo fica nervoso, né? Mas ter feito um ano antes ajudou muito para entender melhor como que é e também dar uma treinada a mais este ano", diz Isabel.

A estratégia de fazer o Enem como treineiro foi adotada por Enrico Madeira no ano passado. Com 17 anos, ele chega animado neste ano para concorrrer a uma vaga de engenharia

"Fiz treineiro ano passado e essa vai ser minha segunda vez agora. Tenho mais facilidade em exatas, então, acho que esse segundo dia pra mim vai ser um pouco mais fácil. Então, eu tô vindo um pouco mais tranquilo. O que acho desse dia também é que, em geral, tem menos texto, é menos cansativo para realizar a prova", conta, visivelmente animado.