Cidades Repercussão negativa
Três vereadores de Mamborê renunciam a auxílio-alimentação após pressão popular e protesto simbólico
Decisão ocorre após a Câmara derrubar veto do prefeito ao polêmico benefício de R$ 400; parlamentares alegam “coerência” e destinam verba para combate à fome.
06/11/2025 12h37 Atualizada há 4 horas
Por: Redação Fonte: Tribuna do Interior
Reprodução

Em um ato de resposta à forte repercussão negativa, três vereadores de Mamborê decidiram renunciar ao auxílio-alimentação de R$ 400 aprovado pela Câmara Municipal no final de setembro. A medida, que havia sido vetada integralmente pelo prefeito Sebastião Antônio Martinez, foi promulgada pelos próprios parlamentares, gerando revolta na comunidade.

Os vereadores Andriel Aparecido Moreira Resnizeke (PSB), Christiane Batista Neves (PRD) e Sara Caroline Beltrame Perez (Republicanos) abriram mão do benefício. Na votação original, apenas o vereador Dorneles Adão Cavali Junior (PSD) havia votado contra a proposta.

Justificativa: "Compromisso Ético" e Crítica Social

Em uma nota conjunta, os vereadores Andriel e Christiane explicaram a decisão como um gesto de “coerência, transparência e compromisso ético”. “Em um momento de grandes desafios econômicos e sociais, e considerando que ambos possuímos estabilidade financeira, entendemos que os recursos públicos a nós destinados podem ter uma utilidade mais urgente e nobre”, declararam.

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Os parlamentares solicitaram que os valores sejam mantidos no orçamento da Câmara e, posteriormente, repassados ao Executivo para ações de combate à fome e apoio a famílias em situação de vulnerabilidade. “Nosso maior compromisso é com a sensibilidade social e o bem-estar coletivo”, destacaram. A dupla afirmou que a decisão foi de "convicção pessoal, livre de qualquer pressão externa".

A vereadora Sara Beltrame seguiu o mesmo caminho e protocolou oficialmente na última quarta-feira (5) o requerimento de renúncia. Ela afirmou que a decisão já havia sido anunciada em suas redes sociais. “Tomei essa decisão com responsabilidade. Acredito que cada recurso deve ser utilizado de forma justa e voltado para as necessidades da população”, justificou.

A Polêmica do Auxílio

O Projeto de Lei nº 81/2025 foi aprovado pela Câmara para criar o auxílio-alimentação. O prefeito Martinez vetou a proposta, argumentando vícios de constitucionalidade e que o benefício feriria os princípios da moralidade e da administração pública. Ele alertou que a medida oneraria os cofres públicos e desviaria recursos de áreas prioritárias como saúde e educação. “A concessão de auxílio a vereadores, sobretudo por iniciativa do próprio Legislativo, pode gerar desconfiança na população”, disse em nota de veto.

A base da Câmara, no entanto, derrubou o veto. A justificativa dos parlamentares foi a de assegurar isonomia, garantindo que os vereadores recebessem o mesmo benefício concedido aos servidores do Executivo, que recebem R$ 400 ou R$ 500 de auxílio-alimentação, conforme a faixa salarial.

Protesto Simbólico

A insatisfação popular com a medida se materializou em um protesto criativo: moradores deixaram oito cestas básicas em frente à Câmara Municipal, em uma clara crítica à criação do benefício. As cestas foram posteriormente doadas à Rede Feminina de Combate ao Câncer do município.

A renúncia dos três vereadores acalma os ânimos, mas coloca um holofote sobre o debate acerca do uso de recursos públicos e a representatividade política. O subsídio mensal dos vereadores de Mamborê é de R$ 8,6 mil, chegando a R$ 10,02 mil para o presidente da Casa.