Mostra fotográfica inclusiva reuniu oito obras táteis sobre a cultura do guaraná e reforçou o compromisso da Secretaria de Cultura com a acessibilidade
A Biblioteca Braille do Estado do Amazonas inaugurou, nessa terça-feira (22/10), a exposição “A Rota do Guaraná”, uma experiência sensorial e inclusiva que encantou o público ao unir arte, tecnologia e acessibilidade. A mostra, idealizada pela fotógrafa e produtora cultural Aline Fidelix, trouxe ao espaço oito fotografias que retratam a cultura e o cotidiano do município de Maués, a “Terra do Guaraná” (distante 276 quilômetros de Manaus), em celebração aos 356 anos da cidade de Manaus, que será celebrado no dia 24 de outubro.
A exposição, realizada pelo Governo do Amazonas, por meio de Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, ficará disponível nesta quinta-feira (23/10) e no dia 29 de outubro no Bloco C do Sambódromo de Manaus, na avenida Pedro Teixeira, 2565, bairro Flores, zona centro-sul, das 9h às 17h. E também será exposta nos dias 30 e 31 de outubro, 1º e 2 de novembro, no Centro de Convenções Vasco Vasques, durante a Feira de Livros do Sesc, ampliando o alcance da proposta e reafirmando o papel da arte como ferramenta de inclusão e celebração da identidade amazônica.
Cada obra pôde ser vista, tocada e ouvida. As imagens, originalmente não acessíveis, foram adaptadas pela equipe da Biblioteca Braille com versões táteis das fotos, legendas em tinta e em braille, além de QR Codes com audiodescrição. O resultado foi uma experiência completa e inclusiva, que permitiu às pessoas com deficiência visual conhecer e sentir as paisagens, os rostos e os símbolos do guaraná amazônico.
Adaptação e acessibilidade
Segundo o gerente da Biblioteca Braille, Gilson Mauro, a proposta reforça o compromisso histórico da instituição com a acessibilidade. “A nossa secretaria trabalha há 26 anos com acessibilidade. E como Manaus está completando 356 anos, achamos importante celebrar com uma exposição de fotos acessíveis. A Aline topou a ideia e nós trouxemos as oito fotos para cá. Todas foram passadas para o braille, com legenda e QR Code, para que as pessoas com deficiência visual pudessem participar e conhecer Maués”, destacou.
FOTO: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa
O processo de adaptação das obras levou cerca de 12 dias e envolveu a colaboração de toda a equipe técnica da Biblioteca Braille.
As fotografias apresentadas foram produzidas por Bruno Kelly, Larissa Gainete, Aline Fidelix e Isabela Lorenzoni, retratando desde os cachos maduros do guaraná até o olhar das crianças e o trabalho dos agricultores de Maués.
Entre os títulos, destacam-se: “Olhos de Guaraná”, “Cacho de Guaraná Maduro”, “Guaraná torrado nas mãos do agricultor” e “Guaraná acolhido na mata”.
Visitante
A visitante Marselha Cauper, pessoa com deficiência visual e também artista, descreveu a experiência como algo inédito e transformador. “Para mim, visitar a exposição foi excelente. A pessoa cega, a primeira coisa que quer é ver uma fotografia, e isso geralmente não é possível. Mas com essa mostra, eu pude sentir com o toque o que a fotógrafa tentou transmitir. Quando passo a mão na imagem, consigo entender o que está acontecendo. É como se eu pudesse enxergar com as mãos”, contou emocionada.
Ela também destacou a importância de a acessibilidade ser um padrão em todas as mostras artísticas. “Foi a primeira vez que vivi isso em relação à fotografia. É maravilhoso poder imaginar a foto com o toque, e ainda ouvir a audiodescrição pelo QR Code. Espero que todas as exposições sigam esse caminho. Essa estava completa, tinha o braille, a descrição e o som. Mesmo sem enxergar as cores, pude sentir a imagem”, relatou.
Para a idealizadora Aline Fidelix, ver o projeto ganhar acessibilidade foi a realização de um sonho. “Quando pensei na ‘Rota do Guaraná’, queria mostrar a essência da encantaria e da cultura de Maués. Mas torná-la acessível, com a ajuda da equipe da Biblioteca Braille, deu um novo sentido à arte. Agora todos podem experimentar o guaraná com os olhos, com as mãos e com o coração”, finalizou.