O Museu Oscar Niemeyer promove a partir desta terça-feira (21), na Assembleia Legislativa do Paraná, uma exposição de obras do artista curitibano Poty Lazzarotto (1924–1998). “Poty retrata o Paraná”, com curadoria de Ricardo Freire, é um recorte com 50 pinturas, desenhos, ilustrações e estudos de painéis que fazem parte das mais de 4 mil obras do artista que integram a coleção permanente do MON . A mostra abre às 14h no Salão Nobre da Assembleia, com entrada gratuita.
“Ao ter recebido a responsabilidade de guardar e preservar o precioso legado de Poty Lazzarotto, o Museu Oscar Niemeyer se tornou um local de referência desse genial artista brasileiro”, afirma a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Uma das missões agora é extrapolar as paredes do MON e fazer com que a sua obra alcance um público cada vez maior e mais diversificado”.
Segundo Ricardo Freire, em seus desenhos e gravuras, Poty retratou o nosso Estado. “O desenvolvimento do Paraná começa com a figura dos indígenas que pertenciam aos grupos linguísticos tupi-guarani e jê. Desses ancestrais de nossa terra, a história – permeada pela lenda – guardou o registro de heróis como o Cacique Guairacá, defensor do território, e de figuras fantásticas, como aquelas relacionadas à lenda das Cataratas do Iguaçu”, explica o curador.
A seleção de obras aborda a cronologia do Estado, passando pelos tropeiros, a chegada dos imigrantes europeus, a criação da linha férrea no Paraná e a industrialização, entre outros aspectos retratados de maneira lúdica pelo artista.
Desde a infância, o traço de Poty já anunciava a potência de sua narrativa gráfica. Em 1942, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde foi iniciado no universo da gravura por Carlos Oswald. Formado em 1946, recebeu uma bolsa de estudos para a École des Beaux-Arts de Paris (França). Retornando ao Brasil em 1948, Poty dedicou-se não apenas à criação, mas também à formação artística: em 1950, organizou o primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e ministrou cursos na Bahia, no Recife e em Curitiba.
A partir da década de 1950, sua arte expandiu-se para o espaço público por meio de projetos de murais. Entre suas obras mais emblemáticas destacam-se: “Desenvolvimento histórico do Paraná” (1953), o mural do Teatro Guaíra (1969) e o mural para o Memorial da América Latina, em São Paulo (1988).
ACERVO MON– Em 29 de março de 2022, dia do aniversário de Curitiba – e, coincidentemente, data de nascimento do artista Poty Lazzarotto – o MON recebeu a maior coleção já doada à instituição: aproximadamente 4,5 mil peças.
Tal coleção conta com mais de 3 mil desenhos e 366 gravuras, além de tapeçarias, entalhes, serigrafias e esculturas, entre outros. A doação foi feita diretamente pelo irmão do artista, João Lazzarotto.
São obras que enriquecem ainda mais o acervo do MON, que nos últimos anos quintuplicou de tamanho, consolidando o Museu como um dos mais importantes da América Latina.
MAIS SOBRE POTY– Lazzarotto (Curitiba, 1924–1998) trilhou seu caminho a partir do desenho, aprofundando-se, em seguida, na gravura. Muito de sua produção é biográfica, indo de lembranças de menino em torno de trilhos e vagões de trem a registros de tipos curitibanos e dos cenários que eles habitam.
Poty é direto e sem rodeios em seus desenhos e gravuras. Foi com essa característica espontânea que ilustrou diversas obras da literatura brasileira, como “Os sertões”, de Euclides da Cunha, e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa. Não poderia, também, ter deixado de dar a vida aos curitibanos controversos retratados nos contos de outro ícone paranaense, Dalton Trevisan.
Não bastasse sua presença na literatura, Poty deixou sua marca em toda Curitiba por meio de seus monumentos ou painéis de azulejo e de concreto aparente, prática que se iniciou com o painel “Desenvolvimento histórico do Paraná”, de 1953, na Praça 19 de Dezembro. Outros exemplos dessa produção são os painéis da travessa Nestor de Castro, nos quais ele mostra, de um lado, a cena de uma Curitiba que já não existe, e, do outro, a evolução da cidade, surgida em meio ao pinheiral, habitada por imigrantes, e que se destaca no campo do urbanismo.
Doada ao Museu Oscar Niemeyer, a coleção diz respeito a toda essa produção. Dessa forma, a coleção constitui um verdadeiro material etnográfico sobre o artista.
A coleção também é formada por obras consumadas, desenhos, xilogravuras, litogravuras, gravuras em metal, entalhes em madeira e blocos de concreto: milhares de peças que dão um testemunho claro da polivalência do artista.
SOBRE O MON– O Museu Oscar Niemeyer (MON) é patrimônio estatal vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além de grandiosas coleções asiática e africana. No total, o acervo conta com aproximadamente 14 mil obras de arte, abrigadas em um espaço superior a 35 mil metros quadrados de área construída, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.
Serviço:
Exposição “Poty retrata o Paraná”
Data abertura: 21 (terça-feira), às 14h
Local: Salão Nobre - Assembleia Legislativa do Paraná - Praça Nossa Senhora de Salete, s/n - Centro Cívico, Curitiba