A produção de amora vem apresentando um crescimento consistente no Paraná nos últimos dez anos, segundo levantamento do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A exportação de proteínas animais também segue firme, com destaque para a carne suína, que alcançou recorde histórico em setembro, além da venda de carne bovina, impulsionada pela demanda chinesa. As informações estão no Boletim Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (09) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
O documento destaca também que o Estado se mantém como segundo produtor nacional na avicultura de postura. Já a produção de etanol e de arroz apresentam uma retração.
O Censo Agropecuário 2017, o último do IBGE, apontava uma área cultivada com amora de 1,3 mil hectares no país e uma produção em torno de 2,8 mil toneladas. Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná lideram a produção.
Segundo o agrônomo Paulo Andrade, do Deral, o que chama a atenção é o crescimento da área e da produção da fruta no Paraná, segundo dados do Departamento. Em 10 anos, a área plantada saltou de 71 para 117 hectares. A produção passou de 251 toneladas, para 914 toneladas, apresentando um aumento de 264%, em 2024. O VBP (Valor Bruto de Produção) da amora no Estado é de R$ 10,4 milhões.
A Região Metropolitana de Curitiba concentra 34,9% da produção estadual, com 38 ha e 319 toneladas, seguida do município de Prudentópolis, o maior produtor individual de amora do Paraná, responsável por 28,9% da produção ou 108 toneladas. O município de Paulo Frontin é o segundo produtor paranaense, com 100 toneladas. Outras 60 cidades paranaenses cultivam a fruta.
De acordo com Paulo Andrade, as floradas abundantes na atual estação devem resultar em uma boa safra, estimulada pelo frio no inverno, adequado às exigências da cultura. O técnico alerta que a atenção agora é redobrada para a possibilidade de geadas tardias que podem prejudicar a safra.
ARROZ– A área de arroz irrigado deve apresentar uma redução no Estado, passando de 18,4 mil hectares para 17,9 mil hectares. O coordenador da Divisão de Conjuntura do Deral, Hugo Godinho, ressaltou que os preços depreciados devem fazer com que os produtores paranaenses sigam a tendência observada nas principais regiões do país, reduzindo a área cultivada.
“No Paraná, os preços do arroz recuaram 45% em setembro, frente ao mesmo mês de 2024. O mesmo foi observado em outras regiões produtoras, o que levou a Federarroz a orientar os produtores a diminuírem as áreas para conter a oferta”, informou Godinho.
Outro fator que desestimulou os produtores paranaenses de arroz foi o prejuízo causado pelas cheias do Rio Ivaí nas duas últimas safras. “Por ser cultivado nas várzeas dos rios, é comum que o arroz sofra alagamentos. No entanto, a frequência e intensidade desses eventos chamam a atenção para um fator que pode estar relacionado ao problema: a baixa cobertura florestal na região”, destacou.
Ele informou que na Bacia do Rio Ivaí a cobertura vegetal natural é de 19%, bem abaixo dos 29% que se verifica no restante do território paranaense.
Os principais produtores de arroz no Estado são: Querência do Norte, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica, Santa Cruz do Monte Castelo e Planaltina do Paraná. Nesses municípios o percentual de cobertura natural cai para 14%.
Godinho ressaltou que ações de recomposição da vegetação ciliar na região podem trazer benefícios diretos para os produtores, minimizando o impacto das cheias, ao melhorar a permeabilidade do solo, reduzindo processos erosivos e o assoreamento dos cursos d’água da bacia.
PROTEÍNAS ANIMAIS – O mês de setembro foi especialmente positivo para as exportações de carne suína do Paraná. Os dados da plataforma Comex Stat/MDIC mostram o embarque de 25,2 mil toneladas, volume 35,5% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado. As Filipinas lideraram as compras com 5,7 mil toneladas.
“O país se mantém como principal destino pelo quinto mês consecutivo, evidenciando a consolidação deste novo mercado, para onde o Paraná passou a enviar volumes expressivos há pouco mais de um ano”, ressaltou a veterinária do Deral Priscila Marcenovicz.
O Vietnã ficou na segunda colocação, com 5,2 mil toneladas. Já Hong Kong caiu para a terceira posição, com 3,2 mil toneladas, mas no acumulado do ano foi o principal destino das exportações de carne suína do Paraná.
Em seguida destacaram-se o Uruguai (2,5 mil toneladas) e Argentina (2,4 mil toneladas), além de volumes menores para os Emirados Árabes Unidos, Georgia, Costa do Marfim e Cuba.
Para Priscila, esse desempenho reflete a confiança internacional na qualidade da produção paranaense, bem como os efeitos da abertura de novos mercados na diversificação e ampliação das parcerias comerciais.
As exportações brasileiras de carne bovina também foram recordes em setembro. O Brasil embarcou 347 mil toneladas, gerando uma receita de US$1,9 bilhão. “Ainda que as tarifas impostas pelo governo americano tenham diminuído drasticamente as exportações para o país, o volume foi absorvido por outros compradores, a exemplo da China, cujo volume adquirido aumentou em quase 40% em relação a setembro de 2024”, informou Thiago de Marchi da Silva, veterinário do Deral.
Ele acrescentou que países como o Paraguai estão comprando carne brasileira para abastecer o mercado interno, enquanto exportam a própria produção para os EUA. “As importações paraguaias de carne brasileira aumentaram 90% no comparativo entre os períodos de janeiro a setembro de 2024 e 2025”, observou Silva.
OVOS – Segundo a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo IBGE em meados de setembro, a produção de ovos no Brasil cresceu 8,6%, alcançando a marca de 5,4 bilhões de dúzias. Trata-se de um novo recorde para a série histórica que demonstra um crescimento constante da produção, desde 1999.
A produção brasileira de ovos de galinha gerou um VBP superior a R$ 31,8 bilhões. O estado que mais produz ovos no país é São Paulo, com 2,6% da produção total, seguido pelo Paraná (9,6%), Minas Gerais (9,5%), Rio Grande do Sul (7,6%) e Espírito Santo (7%).
A produção paranaense de ovos em 2024 ficou em 517.308 mil dúzias, resultado 4,9% superior ao do ano anterior. Esse volume inclui não somente os ovos de consumo, mas também aqueles destinados à incubação.
ETANOL – A produção paranaense de etanol, à base de cana, está estimada em 1,15 bilhão de litros, 3% menor que em 2024. Já o etanol de milho deve ter uma redução em torno de 50,6%, totalizando 15,58 milhões de litros.
Mas esse panorama deve mudar em breve, pois há fortes investimentos em andamento no setor. Segundo Edmar Gervasio, do Deral, uma cooperativa está aplicando cerca de R$ 1,7 bilhão na construção de uma planta com capacidade de produzir 280 milhões de litros de etanol de milho/ano, além de concentrado proteico (DDG) e óleo de milho.
A participação do Paraná na produção nacional de etanol segue modesta, cerca de 3,3% do total produzido no Brasil. No último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa da produção nacional de etanol, anidro e hidratado, à base de cana-de-açúcar, ficou em 26,76 bilhões de litros para 2025, 5% a menos que na safra anterior.
O etanol de milho deve registrar um salto de 14%, alcançando 8,97 bilhões de litros ou 25% da produção nacional. “As estimativas para o atual ciclo indicam que a região Centro-Oeste ultrapassou o Sudeste e se consolidou como principal produtora de etanol no país”, afirmou Edmar Gervasio, analista de mercado do Deral.
Ainda assim, São Paulo continua sendo o maior produtor individual, respondendo por 32% do total nacional. O Mato Grosso lidera a produção específica de etanol de milho, com 68% da produção.