O Governo do Estado participa do Paraná Faz Ciência 2025 com um espaço que reúne iniciativas da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), da Secretaria da Educação (Seed), da Fundação Araucária e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). Mais de 20 mil pessoas já passaram pelo evento, que tem expectativa de repetir o público no ano passado, quando recebeu 38 mil visitantes interessados em conhecer de perto a produção científica e tecnológica paranaense.
A programação começou na segunda-feira (29), em Guarapuava, na região Centro-Sul, e segue até sexta (03). Neste ano, entre os destaques da Arena Paraná estão seis projetos finalistas do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), nas edições de 2023 e 2024.
Cada pesquisa recebeu um aporte de R$ 200 mil do Estado, por meio do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico, para transformar o conhecimento acadêmico em soluções aplicáveis às demandas do setor produtivo e da sociedade.
Da Universidade Estadual de Londrina (UEL), na região Norte, dois projetos chamam atenção. O professor Gerson Nakazato, chefe do Departamento de Microbiologia, apresenta o Blood-AID, tecnologia semelhante a um curativo que identifica o tipo sanguíneo em poucos minutos, sem necessidade de laboratório.
Já a professora Sonia Maria Fabris Luiz, do Departamento de Fisioterapia, desenvolveu a Válvula Fabi, uma peça produzida em impressão 3D que auxilia na reabilitação respiratória de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Eventos como o Paraná Faz Ciência e programas como o Prime são fundamentais para divulgar a ciência e mostrar aos estudantes e à comunidade como a pesquisa nas universidades pode gerar soluções práticas para problemas da sociedade, além de estimular a formação de novos pesquisadores e fortalecer a importância da ciência no desenvolvimento social e econômico do Paraná”, destaca o professor Gerson Nakazato.
Diretamente do Noroeste do Estado, o estudante de graduação em Química da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Rogério Maniezzo, expõe o HydroButts. O projeto transforma bitucas de cigarro em hidrocarvão ativado, material capaz de remover poluentes da água em estações de tratamento, filtros domésticos e processos industriais.
Além de conferir um destino sustentável para um resíduo altamente poluente, essa pesquisa propõe novas soluções para reduzir os impactos da atividade industrial.
A assessora da Diretoria de Ciência e Tecnologia da Seti, Sthefany Walber, que coordena as atividades da pasta no Paraná Faz Ciência 2025, ressaltou o papel estratégico do espaço como ponto de encontro entre ciência e sociedade.
“A Arena Paraná é uma oportunidade de aproximar a comunidade do conhecimento científico, mostrando de forma acessível a relevância da pesquisa realizada no nosso Estado, além de valorizar a produção de conhecimento que tem transformado o Paraná em referência nacional em ciência, tecnologia e inovação”, afirma.
Da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava, o professor André Lazarin Gallina apresenta um projeto voltado às energias limpas. A pesquisa utiliza sementes de seringueira para a produção de etanol. Por meio desse processo é possível gerar grandes quantidades de combustível sustentável, a partir de cada quilograma de sementes processadas.
RECURSOS RENOVÁVEIS– A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) participa da Arena Paraná com dois projetos desenvolvidos pelo professor Murilo Pereira Moisés, do campus de Apucarana, na região do Vale do Ivaí.
O primeiro consiste em um processo de síntese de zeólitas utilizando a cinza do bagaço de cana, resíduo altamente poluente da agroindústria sucroalcooleira. As zeólitas são materiais de estrutura porosa, semelhantes a esponjas em escala microscópica, capazes de filtrar e reter substâncias químicas. Esses materiais são aplicados em setores como petroquímica, produção de detergentes e tratamento de efluentes, atuando como filtros capazes de reter impurezas e contaminantes.
A pesquisa propõe uma rota sustentável para transformar um resíduo poluente em um insumo valioso, reduzindo os custos industriais e, ao mesmo tempo, oferecendo uma solução ambiental significativa. Na prática, essa abordagem demonstra como a ciência aplicada pode gerar benefícios econômicos e ecológicos de maneira integrada.
O outro projeto, chamado Lodo Poroso, busca soluções para resíduos da galvanização, processo industrial que recobre metais com camadas protetoras e gera grandes quantidades de rejeitos contaminados.
A técnica desenvolvida alcançou alta eficiência na remoção de metais pesados, transformando o lodo em um material sólido com potencial de reaproveitamento. Além de purificar a água, esse subproduto pode ser utilizado para capturar dióxido de carbono, contribuindo para reduzir os impactos de atividades industriais sobre o meio ambiente.
COMPRAS GOVERNAMENTAIS– Além dos projetos do Prime, os visitantes da Arena Paraná também podem conhecer o StartGov, uma plataforma desenvolvida pelo professor Richard Aderbal Gonçalves, da Unicentro. O projeto conta com financiamento do Fundo Paraná, no âmbito da Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável ( Ageuni ), com investimento de R$ 299 mil. A tecnologia auxilia pequenos empresários a vender para o setor público, automatizando processos.
A proposta vai além da plataforma digital. O projeto também promove a capacitação de empreendedores para que possam interagir com o ambiente governamental de forma mais simples e acessível. Com a plataforma é possível receber alertas sobre novas oportunidades e participar remotamente, o que aumenta a competitividade de micro e pequenas empresas no Interior paranaense.
“Eventos como o Paraná Faz Ciência permitem mostrar de forma concreta o trabalho das universidades e como essa atividade se conecta com a sociedade, despertando a curiosidade de jovens que podem se tornar os próximos cientistas, e evidenciando o papel da pesquisa acadêmica na melhoria da saúde, educação e qualidade de vida no Paraná”, explica o professor Richard Gonçalves.
INCLUSÃO DIGITAL– Outro destaque da Arena Paraná no evento é a Universidade Virtual do Paraná (UVPR), também vinculada à Seti. A iniciativa reúne os cursos e projetos de ensino a distância das sete universidades estaduais e tem contribuído para ampliar o acesso ao ensino superior, principalmente para quem mora em regiões mais distantes, o que reforça o compromisso do governo estadual com a democratização da educação e a inclusão digital.
Na área de desenvolvimento de competências para a administração pública, a UVPR mantém parcerias com vários órgãos e secretarias estaduais, como a da Educação e a Controladoria Geral do Estado do Paraná (CGE).
Essas ações de cooperação possibilitam programas para a formação e capacitação de servidores públicos, atuando desde a qualificação de professores até a especialização de profissionais em áreas estratégicas como controle interno e ouvidoria.
LABORATÓRIO ABERTO– A Arena Paraná também reúne iniciativas de outras instituições. A Secretaria da Educação (Seed-PR) apresenta um trabalho realizado com jovens de altas habilidades e os clubes de ciências, espaços de incentivo à pesquisa científica entre os estudantes do ensino regular.
O Tecpar leva ao público experimentos interativos, como simulações de análises microscópicas de alimentos, ensaios em materiais usados na indústria farmacêutica, além de ações educativas sobre vacinação de animais e segurança em laboratórios.
A Fundação Araucária marca presença com Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs), que traduzem o potencial científico do Paraná em diferentes áreas. Os visitantes encontram projetos sobre energia limpa, clima, biodiversidade, reflorestamento, segurança alimentar, hidrogênio verde, eletrônica orgânica, erva-mate e até abelhas, entre outros.
O espaço funciona como uma vitrine do conhecimento produzido em parceria entre universidades, empresas e pesquisadores, conectando ciência, sustentabilidade e desenvolvimento.