A noite de terça-feira (30) marcou um dos momentos mais significativos da ciência e da inovação no Paraná em 2025. O encerramento do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime) foi celebrado com uma cerimônia no Centro de Eventos Cidade dos Lagos, durante a programação do Paraná Faz Ciência, evento que neste ano tem como anfitriã a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
A solenidade premiou dez projetos de destaque, selecionados entre 120 propostas submetidas por pesquisadores de universidades públicas e startups incubadas no Estado. Cada projeto recebeu um certificado de excelência e um cheque simbólico no valor de R$ 200 mil, totalizando um investimento estadual de R$ 2 milhões, viabilizado pelo Fundo Paraná de Ciência e Tecnologia.
Idealizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), em parceria com a Fundação Araucária e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae-PR), o Prime nasceu com a missão de aproximar o conhecimento acadêmico do mercado.
“É um programa que incentiva o empreendedorismo. Muitas pesquisas ficam nos laboratórios ou viram apenas trabalhos acadêmicos. Aqui, damos um passo a mais. São R$ 200 mil para cada projeto finalista, mas, mais que isso, é um suporte contínuo para transformar ideias em soluções de mercado”, afirmou o secretário em exercício da Seti, Jamil Abdanur Júnior.
“O Prime nasceu da necessidade de transformar propriedade intelectual em produto. Patentes não podem ser só pontos no currículo. Hoje vemos ideias virando negócios e gerando renda”, pontuou Marcos Aurélio Pelegrina, diretor de Ciência e Tecnologia da Seti. Segundo ele, exemplos concretos de produtos desenvolvidos por pesquisadores paranaenses e que já chegaram ao mercado comprovam que a política pública do Prime tem gerado frutos reais, sustentáveis e com potencial de impacto nacional e internacional.
O reitor da Unicentro, Fábio Hernandes, anfitrião do evento, reforçou o papel estratégico das universidades neste processo. “As universidades públicas têm mostrado, ano após ano, sua capacidade de encontrar soluções para problemas reais da comunidade. O programa é mais que uma premiação, é uma prestação de contas à sociedade. E é uma satisfação imensa ver a Unicentro entre as instituições envolvidas nessa transformação”, declarou.
PREMIADOS– Da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o professor Flávio Luís Beltrame apresentou uma pesquisa que transforma pele de tilápia em gel cicatrizante para feridas e queimaduras.
Já a Universidade Estadual de Londrina (UEL) teve três representantes: a professora Sônia Maria Fabris Luiz, com uma placa de contenção impressa em 3D para tratar inchaço crônico em mulheres com câncer de mama; o professor Gerson Nakazato, com um sanitizante natural à base de óleos vegetais para higienização de alimentos; e a estudante Letícia Fernandes Gonçalves, que criou um substrato agrícola a partir de resíduos agroindustriais.
A professora Sônia Maria Fabris Luiz, da UEL, celebrou a conquista e explicou os benefícios sociais do projeto. “Desenvolvemos uma fibroplaca impressa em 3D, feita com material flexível, que é aplicada sobre o braço de mulheres que retiraram a mama e apresentam um inchaço crônico, com placas de fibrose que dificultam a circulação. Quando usamos a fibroplaca em conjunto com o enfaixamento elástico, conseguimos promover a quebra dessas placas e reduzir o volume do braço. Os resultados, acompanhados por ultrassonografia, mostraram melhora significativa, tanto física quanto emocional, para essas pacientes”, afirmou a pesquisadora.
Emocionada, a docente destacou a importância do Prime como ferramenta de transformação da pesquisa acadêmica em soluções reais para a população. “É a segunda vez que somos premiados e isso mostra que estamos no caminho certo. A cada ano, o programa se fortalece e nos dá mais condições de transformar ciência em produto. O Paraná tem investido muito em tecnologia, e esse apoio nos permite contribuir diretamente com o desenvolvimento econômico e social do estado. Estamos felizes em fazer parte disso”, concluiu Sônia.
Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), cinco iniciativas foram contempladas. O professor Alesandro Bail desenvolveu um sistema de filtração de biogás para produção de biometano; David Kretschek criou uma prótese de aréola mamária customizada por impressão 3D; Murilo Pereira Moisés apresentou um sistema para captura e reaproveitamento de dióxido de carbono no setor industrial; Antonio Verguetz Silva, estudante de doutorado, criou uma prótese mamária externa em silicone e impressão 3D; e Emanuelle Naumann, estudante de mestrado, desenvolveu um ingrediente biotecnológico com propriedades antioxidantes para a indústria cosmética. O grupo se completa com a empreendedora Joziane Gimenes Meneguin, que desenvolveu uma composteira doméstica para transformar resíduos orgânicos em adubo de alta qualidade.