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Mulheres são mais afetadas por síndromes das pernas inquietas
Doença também é chamada de Willis-Ekbom
19/09/2025 11h01
Por: Redação Fonte: Agência Brasil

Uma sensação de desconforto e uma necessidade irresistível de mexer e movimentar as pernas ao deitar ou descansar é um dos sintomas da Síndrome das Pernas Inquietas, também chamada de doença de Willis-Ekbom.

A enfermidade é uma condição neurológica que provoca forte impulso de movimentar as pernas, especialmente em momentos de repouso, como na hora de dormir. Estima-se que entre 4% e 29% de adultos em países ocidentais industrializados tenham a síndrome, mas as pessoas mais afetadas pela doença são as mulheres.

“A síndrome de pernas inquietas é doença que tem padrão genético e que também é caracterizada por uma fisiopatologia de deficiência de ferro, mesmo que tenha o ferro normal no sangue. Ela ataca principalmente mulheres e 25% das grávidas”, explicou o reumatologista Marcelo Cruz Rezende, membro da Comissão de Dor da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e presidente da Sociedade de Reumatologia de Mato Grosso do Sul.

Em entrevista à Agência Brasil, após participar de debate sobre a síndrome no Congresso Brasileiro de Reumatologia, ele disse que as mulheres são as principais vítimas da doença por causa dessa deficiência de ferro.

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“Vocês sangram todo mês. Então, são sempre um pouco mais anêmicas. E nas mulheres grávidas, essa anemia é ainda pior”, completou.

A origem da doença pode estar associada a várias condições médicas, como artrite reumatoide, insuficiência renal, diabetes e doenças neurológicas.

“A síndrome de pernas inquietas se caracteriza por uma alteração na síntese de dopamina, a mesma do Parkinson [que é causado pela redução progressiva da produção de dopamina, uma molécula cerebral responsável por controlar os movimentos como andar, escrever e falar]. E o ferro é fundamental para a construção dessa dopamina, faz parte de sua produção”, explicou o médico.

Em casos mais moderados ou graves, a doença pode causar distúrbios significativos do sono, alterações do humor e cognição, fadiga diurna, redução da energia e impacto nas atividades diárias.

“Se você tem um distúrbio de sono, de qualidade de sono, deve procurar um médico e relatar que você tem pernas inquietas porque o médico nem sempre vai perguntar sobre isso”, afirmou Rezende.

A doença não tem cura, mas tem tratamento, que deve ser iniciado quando os sintomas passarem a interferir na qualidade de vida ou no sono do paciente.

“Se atrapalha a vida, a pessoa deve sempre procurar o médico”, alertou o reumatologista.

O congresso

Organizado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o Congresso Brasileiro de Reumatologia é o maior evento da especialidade na América Latina. Neste ano, é realizado no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia.

* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Reumatologia