Nesta segunda-feira (1º), o líder da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deputado Arilson Chiorato (PT), criticou os modelos de privatização e concessão no Estado que permitem que participantes de processos licitatórios não sejam identificados. Ele citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada na última semana, que expôs braços do Primeiro Comando da Capital (PCC) em diversas regiões do Paraná.
A operação, conduzida pela Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público de São Paulo, apura fraudes bilionárias no setor de combustíveis com envolvimento da facção criminosa. A investigação aponta que um empresário ligado ao PCC participou de uma licitação do Governo do Paraná na Bolsa de Valores (B3). “Isso precisa mudar, para evitar irregularidades e proteger o patrimônio público do Paraná”, ressaltou Chiorato. “Não digo que o Governo Ratinho Júnior sabia de tudo isso, mas o modelo adotado permite que grupos não identificados participem de processos estratégicos. O compliance não funcionou. O Paraná precisa de respostas claras e medidas que evitem a repetição desses erros”, criticou o parlamentar.
No âmbito da Operação Carbono Oculto, o Governo do Paraná adiou a assinatura de um contrato com a fintech BK Instituição de Pagamento S.A. A empresa havia vencido um pregão no valor de R$ 108 milhões para administrar o programa Cartão Comida Boa por um ano, mas foi alvo de suspeitas de ligação com o PCC. Outra operação que demonstrou a atuação do crime organizado em Curitiba foi a Operação Tank, que identificou uma rede de lavagem de dinheiro. O grupo criminoso pode ter lavado mais de R$ 600 milhões desde 2019.
De acordo com as investigações da PF, o grupo movimentou mais de R$ 23 bilhões por meio de uma rede composta por centenas de empresas, incluindo postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.
Neste caso, um dos empresários envolvidos é Rafael Renard Ginest, que doou recursos ao PSD, partido do governador Ratinho Junior, durante as eleições do ano passado.