Algumas vítimas de abuso envolvendo um padre em Cascavel teriam assinado acordos para que os casos não fossem divulgados. Um dos documentos, obtido pela equipe da Catve, foi assinado em 2011, com o nome da vítima protegido pela reportagem.
No documento, a pessoa declara que considera o caso encerrado, após ter informado o ocorrido aos superiores: primeiro ao reitor da filosofia, padre Emerson Detoni, à psicóloga Dulcineia de Francisco Beltrão, ao então arcebispo de Cascavel, Dom Mauro Aparecido dos Santos, e, a pedido deste, também ao atual reitor, padre Antonio Alilson Aurélio.
O acordo evidencia a prática, já apontada em outros casos no país, de firmar documentos que limitam a divulgação de denúncias de abuso dentro da Igreja. Especialistas em direito e proteção à criança e ao adolescente apontam que tais acordos não eximem os envolvidos da responsabilidade criminal e podem configurar tentativa de ocultação de crimes.
A Arquidiocese de Cascavel ainda não se manifestou sobre os documentos obtidos pela reportagem.
Além disso, uma das pessoas ouvidas relatou durante o seu depoimento, situações de abuso também cometidas pelo falecido arcebispo Dom Mauro Aparecido dos Santos, entre os anos de 2012 e 2013.
Ele afirmou que o falecido arcebispo pedia que os seminaristas deitassem em seu colo e, em seguida, os acariciava.
O arcebispo também teria acobertado o assunto na época em que os casos foram levados para a igreja.
Diante das novas informações divulgadas pelo Nucria, o atual arcebispo de Cascavel, Dom José Mário, se pronunciou sobre o caso. Ele afirma que a igreja reage com muito sofrimento perante a situação. "Mas é o desejo sincero da igreja de que a verdade venha à tona. Se o padre, de fato, cometeu delito, ele deve responder por isso", comentou.
A assessoria da igreja católica foi questionada sobre a denúncia envolvendo o falecido arcebispo Dom Mauro, mas eles informaram que não têm informações sobre a denúncia e que, neste momento, só vai se manifestar sobre a prisão do padre.