O Balé Teatro Guaíra lotou duas apresentações do 20º Festival EnCena, no histórico Teatro CAT - Conjunto de Amadores de Teatro, em Jacarezinho, no Norte Pioneiro. A companhia abriu o Festival nesta quinta-feira (21) à noite, e também se apresentou nesta sexta-feira (22) à tarde, com muita emoção do público.
Os ingressos para as duas apresentações foram distribuídos gratuitamente e esgotaram já no início da semana. No total, cerca de 800 pessoas acompanharam o Balé Teatro Guaíra na cidade.
Com as coreografias “V.I.C.A.”, de Lili de Grammont, e “Castelo”, de Alessandro Sousa Pereira, a companhia levou ao palco reflexões profundas sobre as transformações e desafios do mundo contemporâneo. Inspirada nos conceitos de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, “V.I.C.A.” traz à cena temas como inteligência artificial, solidão, coletividade e o impacto do pós-pandemia, combinando uma linguagem forte e delicada.
Já “Castelo” convida à introspecção e à resistência, propondo uma pausa para buscar abrigo e renovação diante da velocidade e instabilidade da vida contemporânea.
PÚBLICO EMOCIONADO- Espectadores manifestaram encantamento com o espetáculo. Para muitas pessoas, foi também a oportunidade de viver uma experiência inédita: ir ao teatro em uma apresentação de dança pela primeira vez.
Amanda Cornelio, psicóloga, moradora de Ourinhos (SP), acompanhou um grupo de 30 moradores de Marques dos Reis, localidade próxima à divisa de Jacarezinho com a cidade paulista. “Para mim, foi muito emocionante, revivi momentos da minha infância e da adolescência, fiz balé por muito tempo. Foi muito importante trazer o pessoal da comunidade para assistir, a maioria nunca tinha acompanhado um espetáculo de dança e nem mesmo pisado em um teatro”, comentou.
Foi o caso de Teresinha Vida Leal, de 75 anos, que contou emocionada como foi sua primeira vez em um espetáculo de teatro. “Foi maravilhoso, melhor seria impossível. Os bailarinos são muito bons, valeu a pena, vou voltar sempre”. Com ela, estava o estudante Daniel Antônio Ferreira, de 10 anos, que também fez sua estreia como espectador teatral. “Achei muito legal, parecia mágico, dava a impressão que iriam quebrar os ossos, mas eram muito flexíveis!”, disse o garoto.
A apresentação também proporcionou um reencontro: Murilo Machado Duarte, professor de dança e estudante de Fisioterapia em Jacarezinho, fez parte do Balé Teatro Guaíra entre 2018 e 2022. “Foi muito intenso quando voltamos da pandemia e participei da montagem de ‘V.I.C.A.’. Foi como reviver uma história muito especial para mim. Rever essa peça me emocionou muito, pude reencontrar meus amigos. Levo o Guaíra no coração, é uma família, e foi uma escola para a vida toda.”
FESTIVAL- A cidade de Jacarezinho é reconhecida como polo cultural do Norte Pioneiro e está celebrando a 20ª edição do Festival EnCena e os 70 anos do Teatro CAT - Conjunto Amadores do Teatro. “Mantemos um trabalho constante de formação de público para que a arte seja acessível a todos. Trazer o Balé Teatro Guaíra para abrir o festival é um presente que valoriza a cultura local e regional”, ressaltou James Rios de Oliveira Santos, diretor de Cultura do município.
Elaine Sartori Diniz Estramari, diretora-presidente do Teatro CAT, comemorou a lotação do espaço. “Setenta anos difundindo cultura no Norte do Paraná e 20 anos do EnCena nos trazem muita esperança. Receber o Balé Teatro Guaíra aqui no nosso teatro é um presente para nossa comunidade e para todos que fazem parte dessa história. Só temos a agradecer pelo convite e pela confiança”, disse.
CIRCULAÇÃO ESTADUAL- As apresentações do Balé Teatro Guaíra em Jacarezinho fazem parte da turnê estadual da companhia que começou em Arapongas, no Cine Teatro Mauá, no dia 8 de agosto, também com casa cheia. A partir de outubro, o grupo segue para outras duas cidades: Ibiporã e Londrina.
Segundo Áldice Lopes, diretor artístico do Centro Cultural Teatro Guaíra, a circulação cada vez mais frequente pelo Estado é um dos objetivos da instituição. “Após um semestre intenso fora do Paraná, voltamos com força para levar arte aos paranaenses, democratizando o acesso à dança contemporânea”.