Um resgate histórico, através de registros e documentos, reconta o incêndio de 1945 que destruiu, aproximadamente, 40 mil obras da Biblioteca Pública do Amazonas. Para marcar a data de 80 anos do incêndio, o espaço promove a exposição “Cinzas, Memória e Reconstrução: 80 anos do Incêndio da Biblioteca Pública do Amazonas”, que iniciou nesta sexta-feira (22/08) e segue até o dia 29 de agosto, das 9h às 15h.
A Biblioteca Pública do Amazonas é um dos espaços administrados pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
A exposição, composta por fotografias e recortes de jornais da época, é montada no local onde o trágico incêndio de 1945 ocorreu. Além desses registros, a mostra reúne obras raras que escaparam das chamas. À época, estavam expostas na 1ª Feira da Amazônia, além de exemplares doados por personalidades importantes da história amazonense.
Oitenta anos após o incêndio, ainda não se sabe ao certo o que causou as chamas, conforme explica o bibliotecário e responsável pelas atividades culturais da biblioteca, David Carvalho. De acordo com ele, a hipótese levantada foi a de um curto-circuito no quadro elétrico do prédio.
Na época, o andar superior abrigava um escritório desativado da Assembleia Legislativa do Estado, ainda com documentos e móveis armazenados. As chamas atingiram primeiro esse material e, com o colapso da estrutura, o telhado desabou sobre o piso térreo, onde funcionava o acervo da biblioteca, destruindo completamente o espaço.
No subsolo, havia ainda um depósito da Imprensa Oficial, repleto de material altamente inflamável. Com a intensidade do fogo, a estrutura cedeu, abrindo uma fenda na esquina da rua Barroso com a avenida Sete de Setembro, deixando apenas ferros retorcidos e cinzas.
Após o incêndio que destruiu o acervo original, uma grande mobilização popular se formou para reconstruir a biblioteca. Em 1947, o espaço reabriu com aproximadamente 45 mil obras, fruto de doações de estudantes, artistas, intelectuais e políticos da época.
“É exatamente isso que a nossa exposição atual quer mostrar: esse episódio da história e como a biblioteca conseguiu se reconstruir, graças à mobilização das pessoas. Porque bibliotecas não são apenas prédios com livros — elas têm esse poder transformador, que nasce da união, da valorização coletiva e do compromisso com a cultura, com a leitura e com a memória”, comentou David Carvalho.
Segundo Dinamir Ortiz, bibliotecária responsável pela divisão de Acervo Amazoniano e Obras Raras, o incêndio foi um episódio trágico, mas também inspirador. Apesar de ter sido um dia fatídico, houve uma mobilização impressionante para a reconstrução.
“Não foi só por parte dos intelectuais da época, como Álvaro Maia, que doou 2.500 obras do seu acervo pessoal, mas também da comunidade manauara como um todo. As pessoas iam de casa em casa arrecadando livros, doando… Foi realmente um esforço coletivo para recuperar e preservar um patrimônio cultural que permanece ativo até hoje, servindo a toda a comunidade”, explicou.
Espaço digital e novas tecnologias
Além dos registros físicos, a exposição conta com recursos de tecnologia e inteligência artificial que aprofundam a experiência do visitante e ampliam o conhecimento sobre esse marco da história amazonense.
No espaço digital, é possível assistir ao depoimento da escritora Etelvina Garcia, que presenciou o incêndio ainda na infância. A mostra também apresenta a leitura do boletim policial de 24 de agosto de 1945 e um trecho da reportagem publicada em 25 de agosto de 1945 no Jornal do Commercio, que cobriu o episódio.
Com o apoio da inteligência artificial, foi elaborado um relato inédito do então diretor da Biblioteca Pública, Genesino Braga, sobre o processo de doação de livros e o esforço coletivo que possibilitou a reconstrução do acervo.
Horário de visitação
A exposição “Cinzas, Memória e Reconstrução: 80 anos do Incêndio da Biblioteca Pública do Amazonas” segue em cartaz até o dia 29 de agosto, com entrada gratuita, das 9h às 15h.
A Biblioteca Pública do Amazonas está localizada na Rua Barroso, nº 57, no Centro, zona sul de Manaus, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h.