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Protocolo de atendimento a pessoas com TEA na PMPR tem olhar atento de um pai
A Polícia Militar do Paraná tem um protocolo de atendimento especializado para pessoas com autismo dentro da corporação. Ele tem o objetivo de cap...
15/08/2025 15h26
Por: Redação Fonte: Secom Paraná

A Polícia Militar do Paraná tem um protocolo de atendimento especializado para pessoas com autismo dentro da corporação. Ele tem o objetivo de capacitar os policiais para identificar, abordar e atender pessoas com autismo de forma adequada e empática. Ele pressupõe, por exemplo, identificação de sinais comportamentais, utilizar estímulos visuais e escuta ativa com familiares ou amigos que estejam juntos no momento da ocorrência.

Atualmente, nos cursos de formação da PMPR, a Disciplina de Direitos Humanos aborda o tema para sensibilizar o público interno. A formação começou nas escolas de soldados e, em seguida, a PMPR gravou palestras e vídeos para sua plataforma de ensino à distância, garantindo que a informação chegasse a todos os policiais do Estado. O modelo da PMPR já é referência para outras instituições, como a Escola de Governo de Pernambuco, mostrando que a empatia e o pioneirismo podem se espalhar.

O tenente-coronel Valter Ribeiro da Silva, que atua no Comando-Geral, é pai de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e um dos criadores da nova abordagem a esse público.

"Quando você se torna 'pai atípico', a mudança é maior. Essa nova perspectiva me fez valorizar pequenos progressos em vez de grandes feitos, e a querer apenas que meu filho seja aceito na escola, com suas particularidades. Essa visão de mundo impactou a minha visão profissional na corporação", explica.

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Com o diagnóstico do pequeno, ele foi atrás de conhecimento. A jornada de aprendizado foi intensa, com leituras, palestras e muita pesquisa para entender o que era o autismo e como lidar com ele. E a sensibilidade dele se materializou na criação do protocolo, que foi implementado em 2022 em todo o Paraná.

E o impacto da iniciativa é incalculável. "Durante o treinamento, já observamos alguns relatos de policiais que, após passarmos algumas características da pessoa autista, começaram a identificar alguns traços nos filhos ou em algum parente próximo", conta Valter.

Além disso, o protocolo também resultou em um aumento nos registros de ocorrências envolvendo pessoas com autismo, o que é crucial para a formulação de políticas públicas e para garantir que a justiça seja feita.

EXEMPLOS – Neste mês a Polícia Militar do Paraná promoveu mais uma capacitação sobre o tema. A 3º sargento Vanessa da Rocha Alves Vieira está há 19 anos na PMPR e expressou sua satisfação com o curso. Atuando no 3º Comando Regional da Polícia Militar (CRPM), ela é mãe de dois filhos, sendo o mais velho, João Pedro, de 6 anos, diagnosticado com TEA.

“Como mãe de uma criança autista e também policial militar, fiquei extremamente contente com o curso de capacitação”, afirma a sargento. Ela destacou que a experiência ampliou seu conhecimento, proporcionando novas formas de compreender e agir, e oferecendo ferramentas práticas para o seu cotidiano.

“Somado a isso, trouxe-me tranquilidade saber que meus colegas policiais aprenderam a identificar sinais de autismo, evitando que atitudes incomuns sejam interpretadas como desobediência ou ameaça,” conclui.

Já o 3º sargento Eleandro de Almeida, atualmente no 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em Maringá e 19 anos de serviço, compartilhou sua experiência após ser diagnosticado com autismo e altas habilidades em 2024. “Foi muito importante entender que eu era diferente das outras pessoas”, relata. O diagnóstico serviu como um ponto de virada e o ajudou a identificar suas dificuldades e a se adaptar.

Ele expressa gratidão pela iniciativa da PMPR em oferecer o curso de capacitação sobre autismo, que, segundo ele, demonstra a sensibilidade necessária para lidar com a população. "Por estarmos constantemente em contato com a população, nos deparamos com situações envolvendo pessoas autistas", afirma.

TEA– O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. Outras características são padrões atípicos de atividades e comportamentos, como dificuldade na transição de uma atividade para outra, foco em detalhes e reações incomuns às sensações.

Dentro do espectro são identificados graus que podem ser leves e com total independência, apresentando discretas dificuldades de adaptação, até níveis de total dependência para atividades cotidianas ao longo de toda a vida (Brasil, 2022). Assim, há, basicamente três níveis de autismo.

A Organização Mundial da Saúde aponta que em todo o mundo cerca de uma em cada 100 crianças é diagnosticada com autismo.