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Rede materno-infantil do Estado garante parto seguro de gêmeas após gestação de alto risco
A estrutura integrada da rede estadual de saúde, que inclui desde o acompanhamento pré-natal até a assistência hospitalar especializada, garantiu ...
26/05/2025 12h06
Por: Redação Fonte: Secom Paraná

O cuidado e o apoio da rede materno-infantil do Paraná fizeram toda a diferença para as irmãs gêmeas Sarah e Sofia, que nasceram com 34 semanas na última quarta-feira (21), na maternidade do Complexo Hospitalar do Trabalhador (CHT), em Curitiba, pertencente à Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa).

A mãe, Noemia Ludimila de Oliveira, de 24 anos, deu à luz às meninas após uma gravidez de risco, com diagnóstico de transfusão feto-fetal (STFF), uma condição rara que envolve o desequilíbrio no fluxo sanguíneo entre os fetos. No dia 19 de março, com 26 semanas, Noemia estava com dilatação do colo do útero e com a síndrome STFF, o que significava um maior risco de parto prematuro extremo.

A estrutura integrada da rede estadual de saúde, que inclui desde o acompanhamento pré-natal até a assistência hospitalar especializada, garantiu suporte adequado para prolongar a gestação pelo maior tempo possível, reduzindo os riscos. Foram dois meses de intensas avaliações, supervisão em tempo integral pelas equipes médicas, ecografias, dentre outros procedimentos necessários à mãe e às bebês. A gestação passou a demandar acompanhamento constante e especializado.

Por ser uma gestação gemelares monocoriônicas – em que os gêmeos compartilham a mesma placenta, mas têm sacos amnióticos separados – um feto, o "doador", transfere o sangue para o outro, o "receptor", resultando em diferentes desequilíbrios para ambos. Sarah foi a primeira bebê a nascer, com 1.810 kg. Sofia veio na sequência, após três minutos pesando 1.988 kg.

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“No começo foi um susto saber que vinham mais dois bebês, sendo que tenho um outro filho, um menino. O pré-natal estava indo bem. Mas aí no ultrassom descobriram o problema”, explicou Noemia.

Sarah e Sofia nasceram na capital paranaense, mas irão em breve, após alta hospitalar, para Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, cidade onde a família reside. Foi lá que Noemia iniciou o pré-natal. Passou pelo Hospital Regional do Norte Pioneiro, unidade pertencente ao Governo do Estado, e pelo Cisnorpi, Consórcio Público Intermunicipal de Saúde do Norte Pioneiro, em Jacarezinho.

Noemia também destaca a qualidade do atendimento que recebeu na maternidade. “Foi tudo maravilhoso. Todos com quem tive contato foram muito cuidadosos e atenciosos, sempre preocupados comigo. Me senti muito acolhida. Só tenho gratidão pela equipe”, elogiou.

“A linha guia materno-infantil é robusta no Estado e temos investido muito nisso. O Hospital Trabalhador e a sua maternidade, o Anexo da Mulher, demonstram que podemos fazer trabalhos efetivos de atendimento da gestação de alto risco, com referência para todo o Estado”, ressaltou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

TRAJETÓRIA DE CUIDADOS– Noemia conta que iniciou o pré-natal em Santo Antônio e foi depois encaminhada para Jacarezinho, por causa do risco e de ser gemelar. “Chegando lá foi uma corrida contra o tempo para salvar as gêmeas”, explicou Noêmia, emocionada. “Meu marido viu tudo pra mim, questão do atendimento, da segurança e em pouco tempo já estava dentro de um helicóptero indo para a maternidade do Hospital do Trabalhador”, lembrou.

O Serviço Aeromédico da Unidade Aérea Pública da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio da Central de Regulação Médica de Urgência e pela Unidade de Regulação de Leitos, realizou a transferência da gestante com o helicóptero, em segurança.

Foram 84 minutos de voo de Santo Antônio da Platina até Curitiba, onde uma equipe médica esperava as três (mãe e bebês) para uma nova bateria de exames e acompanhamento.

O parto, ocorrido no CHT, foi considerado um sucesso, sem intercorrência. As gêmeas permanecem aos cuidados da maternidade até a transferência e alta hospitalar. De acordo com o médico responsável pelo acompanhamento da gestante, Luiz Malat, a cesárea foi inevitável, por conta da patologia.

“Por ser uma gestação gemelar com transfusão feto-fetal grau 1, optamos por interromper a partir das 34 semanas. Usamos a ocitocina para prevenção da hemorragia pós-parto, porque teria um grande fator de risco. A princípio, está tudo bem”, relatou o médico.

ACOMPANHAMENTO INTEGRAL- Desde o início da gestação, foram realizados os protocolos assistenciais e a responsabilidade do cuidado compartilhado, contidos na Linha Guia Materno Infantil, inserida na Rede de Atenção à Saúde.

Em 2022, o Estado investiu R$ 5.506.002,00 em equipamentos voltados para o diagnóstico e tratamento de condições complexas relacionadas à gestação de alto risco e má formação fetal. O objetivo foi qualificar toda a Rede de Atenção para um cuidado adequado tanto no Interior quanto nos grandes centros de atendimento.

Houve, ainda, aumento no repasse para parto de risco habitual (de R$ 200 para R$ 400 por parto), de risco intermediário (de R$ 320 para R$ 640), e partos de alto risco (de R$ 100 mil/mês para R$ 120 mil ou R$ 130 mil/mês para cada hospital).

O Complexo Hospitalar do Trabalhador foi contemplado com ultrassons de alta performance e equipamentos a serem usados em casos como o da Noêmia, que somaram R$ 1.692.702,00 em investimentos.

Agora, Noemia segue na expectativa de voltar para casa e se juntar à família. “Foram momentos de muita insegurança, dificuldades, mas acho que o pior já passou”, afirma.