Entregadores que trabalham em plataformas digitais continuam mobilizados nesta terça-feira (1°) em diferentes cidades brasileiras contra a precarização e por melhores condições de trabalho. No Rio de Janeiro, participantes de uma manifestação na zona norte da cidade foram presos e autuados. Em São Paulo, lideranças do movimento foram recebidas para discussão de reivindicações na sede do iFood.
Ontem (31), a categoria circulou e realizou atos pela Grande São Paulo, inclusive em frente ao escritório do aplicativo iFood , reivindicando melhores condições de trabalho e remuneração justa.
Entre as estratégias dos trabalhadores está tentar mobilizar estabelecimentos para que não abram pedidos por aplicativos.
O Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas do Estado de São Paulo (Sindimotosp) descreve que, "atualmente, os entregadores enfrentam longas horas de jornada de trabalho, recebem um valor de entrega que não é suficiente para uma razoável renda mensal nem para o pagamento de contas ou investimento em equipamentos de segurança" .
Além disso, "não possuem sequer condições mínimas de trabalho, sendo abandonados pelas empresas de app em caso de acidentes ou óbito”, disse o sindicato, em nota.
Reinvindicações dos entregadores:
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel SP) afirmou que a paralisação dos entregadores, chamada de Breque dos Apps, afetou significativamente bares e restaurantes na segunda-feira . Segundo levantamento da entidade, realizado com associados da capital paulista, empresários que operam unicamente com o aplicativo iFood tiveram queda de 100% nas entregas, durante a paralisação.
Aqueles que utilizam múltiplas plataformas sentiram um impacto menor, mas ainda expressivo, ressaltou a entidade, com queda no movimento de entregas estimada entre 70% e 80%, na comparação com uma segunda-feira comum. Já os estabelecimentos que contam com frota própria de entregadores registraram crescimento nas entregas, segundo a Abrasel SP, com aumento de até 50% na demanda .
O iFood disse, em nota, que segue monitorando as manifestações e trabalha para manter a operação. Segundo a empresa, atualmente, 60% dos pedidos intermediados pela plataforma são entregues pelos próprios restaurantes.
“Com o objetivo de ouvir os entregadores, o iFood confirma que se reuniu com nove representantes dos manifestantes na tarde de segunda-feira (31), no escritório da empresa em Osasco. Reafirmando sua abertura ao diálogo, foram discutidas as principais demandas apresentadas pelo movimento e ficou acordado que o iFood retornará com devolutivas para as lideranças”, disse a empresa.
Na capital fluminense, a polícia foi chamada para intervir em um protesto de entregadores na Tijuca, na zona norte da cidade, na segunda-feira. Segundo a Polícia Militar, alguns entregadores reclamaram que estavam sendo impedidos de trabalhar pelos manifestantes.
Pelo menos 13 pessoas foram encaminhadas à delegacia do bairro, de acordo com a Polícia Civil, das quais seis foram autuadas pelos crimes de associação criminosa e atentado contra a liberdade de trabalho, já que, de acordo com a polícia, eles ameaçaram e coagiram entregadores para que eles aderissem à paralisação.
Nesta terça-feira, os entregadores fizeram um buzinaço no bairro de Botafogo, na zona sul da cidade.
*Matéria em atualização.