O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) anunciou, nesta terça-feira (18), um acordo de cooperação tecnológica com a empresa argentina Biogenesis Bagó para a transferência e internalização de tecnologia para a criação de um banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa. O documento foi assinado durante a conferência internacional “Prevenção da febre aftosa: salvaguardando a pecuária, meios de subsistência e economias”, que é realizada em Curitiba nesta terça e quarta-feira.
O banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa tem como objetivo ser um estoque estratégico de insumos para a rápida formulação de uma vacina para enfrentamento de eventuais casos de surto localizado. Hoje, o Brasil é um país livre de febre aftosa sem vacinação animal e espera receber o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) desse novo status sanitário ainda no primeiro semestre.
O Paraná vai completar quatro anos em 2025 com o status internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação, já à frente do País. A conquista é fruto de mais de 50 anos de trabalho e parceria entre iniciativa privada, entidades representativas do agronegócio e governo estadual. A campanha de vacinação, que ocorria duas vezes por ano, foi substituída pela de atualização de rebanhos. O cadastro é obrigatório para garantir a rastreabilidade e a sanidade dos animais.
“Mais uma vez o Tecpar está fazendo a sua parte para ajudar não só a pecuária do Paraná, mas toda a estrutura que a produção de frango, de suíno e de gado traz para a economia do Estado”, disse o vice-governador Darci Piana. “Precisamos nos antecipar contra doenças como a febre aftosa e a brucelose, por isso além de ter os cuidados necessários vamos sair na frente com esta iniciativa para ajudar no crescimento da nossa pecuária e da agricultura”.
O secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, destacou a importância dos recursos do Fundo Paraná, voltado para financiar ações, programas e projetos estratégicos da área de ciência, tecnologia, como o projeto do banco de antígenos.
“O Paraná está na frente novamente. Com os recursos do fundo de ciência e tecnologia podemos investir naquilo que é estratégico para o Estado, e fazer o investimento neste banco de antígenos é, sem dúvida nenhuma, a melhor salvaguarda que o Estado do Paraná pode ter para dar pronta resposta em caso de necessidade, evitando ou minimizando os impactos de um possível retorno da febre aftosa”, salientou.
O diretor-presidente do Tecpar, Celso Kloss, explica que o instituto entende a relevância do novo status sanitário brasileiro e, diante do seu compromisso como instituição pública em atender a sociedade, apresenta essa iniciativa para apoiar o país no enfrentamento de surtos pontuais que podem surgir e requererem uma vacinação emergencial.
"O banco vem neste sentido: ser uma ferramenta para rápida formulação de vacinas para conter um surto localizado e evitar que a doença se espalhe. O Tecpar, que possui expertise em saúde animal desde sua fundação, há 85 anos, dá mais um passo para reforçar a segurança sanitária de um setor estratégico do país, o agronegócio", pontuou.
Para o Country Manager da Biogénesis Bagó, Marcelo Bulman, ter um banco de antígenos, além de ser um dos pré-requisitos para a obtenção do certificado internacional, representa uma importante estratégia para garantir a segurança sanitária do país.
“A Biogénesis Bagó é responsável pelo banco de antígenos da Argentina desde 2000, dos EUA e Canadá desde 2006, além de países como Taiwan e Coréia do Sul. No Brasil, unimos a nossa experiência global com toda a expertise do Tecpar em saúde animal para que o País esteja seguro para qualquer emergência sanitária”, destacou.
BANCO– O banco nacional de antígenos e vacinas contra febre aftosa irá manter congelado sorotipos virais específicos da doença para a produção em até 72 horas de imunizantes para serem distribuídos a todo território nacional em caso de focos de febre aftosa. Esse projeto já foi protocolizado no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), dando início às tratativas com o Governo Federal para a sua implantação.
Para conceder a declaração de país livre da febre aftosa sem vacinação, a OMSA exige a suspensão da vacinação contra a febre aftosa e a proibição de ingresso de animais vacinados por, pelo menos, 12 meses. Espera-se que o reconhecimento do Brasil pela instituição seja anunciado em maio, durante assembleia geral da entidade.
SANIDADE ANIMAL– O Tecpar é hoje o único fornecedor da vacina antirrábica veterinária ao Ministério da Saúde e constrói o novo Laboratório de Pesquisa e Produção de Insumos para Diagnósticos Veterinários, para produzir insumos para o diagnóstico da brucelose, tuberculose e leucose bovina.
CONFERÊNCIA– Prestes a ser reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal como livre de febre aftosa sem vacinação, o Brasil foi escolhido para sediar a conferência internacional “Prevenção da febre aftosa: salvaguardando a pecuária, meios de subsistência e economias”, em Curitiba. O Tecpar, referência na área de saúde animal, é parceiro do evento, organizado pelo TAFS Forum, organização suíça sem fins lucrativos que atua no campo da saúde animal e segurança alimentar.
PRESENÇAS– Também estiveram presentes ao evento o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins; o diretor Executivo do Tafs Forum, o presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Alep, Deputado Estadual, Anibeli Neto; o presidente interino da Faep, Ágide Eduardo Meneguette.