Médica e farmacêutico de uma clínica de Cascavel, no Oeste do Paraná, foram indiciados pela Polícia Civil após a aplicação de uma substância no rosto da paciente Raquel Demichei Dornelles. Depois do procedimento estético, a vítima sofreu lesões graves.
Segundo a delegada de Estelionatos, Thais Regina Zanatta, a médica deve responder por lesão corporal gravíssima e estelionato. O farmacêutico também responde por ambos os crimes, além do exercício ilegal da medicina. Os investigados são casados.
Ao que tudo indica, conforme a Polícia Civil, era a médica quem comprava as substâncias.
Raquel, uma das vítimas, registrou o boletim de ocorrência em 2022, mas o caso só ganhou notoriedade diante da exposição do crime nas mídias sociais.
Depois, outras duas vítimas foram identificadas. Segundo a denúncia, Raquel contratou a aplicação de um bioestimulador no rosto, mas recebeu polimetilmetacrilato (PMMA) - substância não absorvível pelo organismo.
Ela sofreu lesões graves e deformidade permanente, sem possibilidade de reversão dos danos estéticos. Para comprovar as irregularidades, Raquel apresentou à polícia um laudo particular que confirma o uso de PMMA, fotos, vídeos e contratos com a clínica.
No caso de Raquel, os profissionais já foram indiciados. Eles também respondem a outros dois inquéritos ainda não concluídos.
Até o momento, a Polícia Civil não notificou o casal sobre o indiciamento. A médica e o farmacêutico respondem ao crime em liberdade. A Polícia Civil do Paraná vai representar pela cassação dos registros profissionais do casal.
Conselhos de Farmácia e Medicina encontraram irregularidades na clínica
Em setembro de 2024, os conselhos regionais de farmácia e medicina encontraram irregularidades na clínica durante inspeção. A ação foi motivada por uma denúncia recebida pelo Ministério Público, envolvendo Raquel.
A fiscalização contou com a participação da fiscal farmacêutica Daiane Perondi e da gerente de fiscalização Tayna de Lima, representando o Conselho Regional de Farmácia (CRF-PR). O médico fiscal Dr. Pedro Luiz de Araújo Neto e os agentes fiscais Pedro Debarba e Gilberto Schmitt Júnior representaram o Conselho Regional de Medicina (CRM-PR).
"Durante a inspeção, a equipe constatou diversas irregularidades, incluindo a utilização, pelo farmacêutico, da substância PMMA (polimetilmetacrilato, uma substância sintética que, embora aprovada para uso médico em casos muito específicos, como em procedimentos reparadoras, é amplamente desaconselhada para fins estéticos devido ao alto risco de complicações, incluindo inflamações, infecções e deformidades permanentes)."
Em nota, o CRF-PR disse que conduziu uma análise detalhada da denúncia, trabalhando de forma rigorosa para garantir uma apuração completa e transparente, a fim de apurar as responsabilidades e assegurar que as medidas necessárias sejam tomadas.