O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) atende a mais de 100 mil ocorrências por ano. A maior parte é respondida prontamente pelos efetivos das unidades operacionais de cada cidade ou região em questão – são os acidentes de trânsito, os combates a incêndios e as emergências médicas, por exemplo. A outra parcela desses acionamentos, por se tratar de situações muito particulares, demanda uma equipe especializada em atividades que fogem ao dia a dia da Corporação. É aí que entra em cena o Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST).
“Nossa missão principal é busca e salvamento. É o que mais fazemos, há mais tempo, e estamos mais especializados - com e sem o apoio dos cães. Depois, a parte de mergulho, que é a busca aquática, na qual também temos muita expertise”, explicou o comandante do GOST, major Ícaro Gabriel Greinert, sobre a unidade criada em 2006 e que tem atualmente 6 oficiais e 44 praças em suas fileiras.
“De uns anos para cá, pela nossa vocação, temos feito atendimento a desastres. Estivemos em Brumadinho (MG), no Rio de Janeiro. Assim, hoje temos entre nossas especialidades a busca e resgate em estruturas colapsadas – que é o desabamento –, além de enchentes e deslizamentos”, acrescentou o major. “A parte técnica no atendimento a suicídios também recai sobre a nossa unidade”, completou.
É dentro desse escopo, que envolve atividades em montanhas, meios aquáticos, deslizamentos de terra, desabamento de edificações e matas fechadas, que o GOST atua como primeira resposta em ações na Grande Curitiba e como apoio, sempre que necessário, às unidades no interior do Paraná. Na sua sede, no bairro Cajuru, em Curitiba, fica ainda o canil central do Corpo de Bombeiros, atualmente com 12 dos 24 cães de busca em atividade no Estado.
Além desse trabalho diário, o GOST tem a responsabilidade de coordenar as ações da Força-Tarefa de Resposta a Desastres, quando ela precisa ser mobilizada. Composta por 120 bombeiros de todo o estado, a Força-Tarefa age em casos de calamidade dentro e fora do Paraná, como ocorreu recentemente com as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios no Pantanal , no Mato Grosso do Sul.
DENTRO DO GOST– O trabalho no GOST tem uma rotina diferente das demais unidades operacionais. Por tratar de missões menos comuns, a frequência dos acionamentos é menor. Em contrapartida, o tempo de duração de cada atendimento é sempre uma incógnita, podendo levar muitas horas ou até dias, no caso de busca por desaparecidos. Além disso, várias ocorrências demandam viagens, muitas das quais em horários fora do expediente normal.
“Para vir para cá, o voluntário precisa ter cursos em áreas afins, como montanha, mergulho, estruturas colapsadas, entre outros. Ser preparado. E ter também perfil. Nem todo mundo tem disponibilidade pessoal ou familiar para se deslocar de emergência, em qualquer horário, e ficar dias fora de casa”, contou o major Gabriel.
Para chegar sempre preparado para missões tão delicadas, a capacitação é palavra chave dentro do Grupo de Operações de Socorro Tático. “O treinamento é diário e há um treinamento mensal que é maior, de nivelamento de conhecimentos, que dura uma semana. A gente também ministra e participa de diversos cursos no Brasil inteiro”, destacou o comandante do GOST.
A unidade dispõe de 12 viaturas, sendo quatro veículos maiores, para transporte de materiais e dos cães, além de embarcações para uso em ambientes aquáticos. Há ainda uma viatura que serve de posto de comunicação, possibilitando recebimento e transmissão de dados via satélite em locais remotos.
Os tipos de ocorrência que mais colocam o GOST em ação são sazonais, ou seja, variam conforme o período do ano. “No frio, estamos na temporada de montanha. Está mais fresco, o pessoal vai fazer trilha, vai para o mato, e temos uma incidência maior de pessoas que se machucam, caem. Em geral, não são situações graves, mas demandam algumas horas para a gente finalizar”, explicou o major Gabriel. “E temos as pessoas que se perdem, aí demora mais, cada operação leva dois a três dias. Essa fase começa no final de abril e vai até outubro”, complementou.
Quando a temperatura começa a subir, em novembro, os holofotes da unidade voltam-se aos lagos, rios, cavas e mar. “Passamos a ter os afogamentos, a busca por corpos submersos. Nesse período, todo fim de semana atendemos esse tipo de situação, infelizmente.” Os atendimentos a suicidas ocorrem o ano todo.