O dia internacional dos Povos Indígenas é comemorado em 9 de agosto. Para lembrar a data e celebrar a cultura indígena, a TV Brasil viajou até a Reserva Roosevelt, em Rondônia, para conhecer o dia a dia dos Cinta Larga.
Entrar no território da etnia não é fácil. “A gente é conhecido como povo guerreiro, matador, que prende, né”, conta o cacique Daniel ‘Rondon’ Cinta Larga, responsável pela Aldeia Central da Reserva Roosevelt. “Mas isso acontecia no passado”, complementa.
A mudança de perfil, no entanto, não significa que eles não defendam seu povo e sua terra com unhas e dentes. “Estão querendo a posse do nosso território, e isso os nossos guerreiros não vão admitir”, ameaça o cacique geral da etnia, Gilmar Cinta Larga.
Os indígenas Cinta Larga estão hoje em quatro territórios (Aripuanã, Parque do Aripuanã, Roosevelt e Serra Morena) de dois estados: Mato Grosso e Rondônia. Mas, assim como os Yanomami, os Cinta Larga convivem com a presença ilegal de invasores. “Garimpeiros continuam entrando na nossa área”, denuncia o cacique Oita Matina Cinta Larga.
A equipe do programa conseguiu permissão para entrar na Reserva Roosevelt e viu, de perto, a rotina dos Cinta Larga. Já dentro da terra indígena, os repórteres Flavia Peixoto e Rogerio Verçoza acompanharam o atendimento da Organização Não Governamental (ONG) “Doutores da Amazônia”.
Há dez anos, profissionais de diversas formações – de médicos a dentistas e de psicólogos a fisioterapeutas – levam saúde a indígenas da Amazônia brasileira. A visita mais recente foi aos Cinta Larga. “É um processo que envolve mais de 150 voluntários dentro da reserva. Uma ação muito potente”, diz o fundador da organização, Caio Machado.
Historicamente, o contato com não indígenas resulta em problemas de saúde para os indígenas. Com o povo Cinta Larga não foi diferente. Infelizmente. “Eles incorporaram a nossa alimentação, e isso tem feito muito mal para eles”, explica o otorrinolaringologista Luiz Paulo Monteiro Santos.
Ainda segundo o médico, a dieta na reserva Roosevelt é baseada em muito carboidrato, pouca proteína e quase nada de vitaminas e sais minerais, o que “tem levado a uma série de doenças, disfunções hormonais, dores musculares e, principalmente, diabetes”.
Mas, aos poucos, os indígenas têm retomado bons e velhos hábitos. “Agora tem uma roça comunitária onde a gente planta mandioca, batata e banana”, diz o cacique Daniel ‘Rondon’ Cinta Larga.
Enfermeiros também fazem parte da ONG “Doutores da Amazônia”, entre eles, Talita Freitas Cinta Larga. “Eu moro em Porto Velho, capital do estado, mas sempre venho para o interior para ajudar a minha comunidade. Esse era o meu foco, né: me formar e trabalhar com a comunidade indígena”, se emociona.
O episódio “Cinta Larga: saúde e preservação” vai ao ar nesta segunda-feira (12), às 23h, na TV Brasil , emissora da Empresa Brasil de Comunicação - EBC .