A pianista Analaura de Souza Pinto tem uma memória muito fresca do dia 28 de maio de 1985: estava no palco no concerto de estreia da Orquestra Sinfônica do Paraná no mesmo dia em que nasceu a sua sobrinha, Carla Maria. Nesta terça-feira (28) o corpo artístico e a mulher completaram 39 anos. "Sinto uma grande emoção por ter chegado até aqui, comemorando 39 anos de existência da Orquestra Sinfônica do Paraná e uma trajetória muito importante na música brasileira. Durante todos esses anos esse é um dia de comemoração dupla", afirma.
Essa é uma das histórias que têm a Orquestra como elo no Paraná nas últimas décadas. Amor, amizade, reencontros e encontros curiosos provam que o tempo é um aliado desse símbolo da cultura paranaense.
A história da Orquestra é repleta de momentos inesquecíveis entre coros, danças, teatro e cinema. Um dos fatos mais engraçados foi a participação de uma elefanta em uma ópera no maior auditório do Centro Cultural Teatro Guaíra, em 1993. A montagem de "Aida", em uma época em que animais ainda participavam de espetáculos com público, agitou a cena cultural do Estado.
A violinista Simone Savytzky lembra com carinho desse momento. Mila, como era chamada, recebia os músicos na porta do teatro. “Ela participou dessa ópera juntamente com um cavalo e um camelo. Todos os dias eu ia conversar com ela antes do ensaio, e dava uma maçã para ela comer”, conta. Ela guarda uma foto tirada na calçada da Rua Amintas de Barros com o animal.
Outra grande história é um encontro amoroso que aconteceu por acaso em uma apresentação em Foz do Iguaçu. Romildo Weingartner ingressou aos 18 anos na Orquestra Sinfônica do Paraná e desde 1993 atua como primeiro violoncelista. Juliane Martens iniciou sua carreira profissional na Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina (Osuel). Em 1999, a música promoveu o encontro entre o violino e o cello. Romildo e Juliane se casaram em 2002 e, desde então, estudos, ensaios e o palco do Teatro Guaíra entraram na rotina do casal, que hoje têm três filhos.
O tempo também expandiu as parcerias. Fagotista principal e um dos fundadores da OSP, Jamil Bark se formou pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná quando um professor vinha do Rio de Janeiro, porque na época não tinha professor de fagote no Paraná. Hoje ele é professor doutor na mesma instituição.
Alex Sanches iniciou os seus estudos em 2006 no Conservatório de Tatuí e lá teve aulas com Jamil em um curso de férias. “Eu fiquei muito impressionado com o jeito dele tocar”, lembra. No final do ano de 2019, o reencontro quando Alex fez o teste seletivo. “Eu não acreditava que ia tocar do lado dele, foi um sonho realizado entrar na orquestra e uma alegria estar do lado do professor Jamil. O acolhimento dele foi extraordinário, considero ele um pai, me dá conselhos e uma direção e sempre sorridente”, afirma.
Eles definem a relação como “pai e filho” e “professor e aluno”, mas o aprendizado é mútuo. “Somos em quatro no naipe e meus colegas são todos alunos meus, é muito orgulho. São excelentes e acabo sendo alunos deles também, porque me ensinam todo dia. Eu sempre tento ajudá-los a entender o dia a dia da Orquestra para que a rotina não tire o ânimo e a vontade de se desenvolver, porque o estudo em música não termina nunca”, define Jamil.