As condições de intenso calor, aliadas às poucas e mal distribuídas chuvas no Paraná, particularmente após a metade de dezembro, levaram à redução na estimativa da safra 2023/2024. A Previsão Subjetiva de Safra (PSS) 2023/2024 , divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral) nesta quinta-feira (25), é de 22,1 milhões de toneladas, 15% a menos que as 25,5 milhões de toneladas estimados na primeira projeção de plantio, feita em agosto de 2023.
A principal cultura desse período é a soja. Para ela há uma revisão para baixo tanto em área quanto em produção. A intenção dos produtores paranaenses era semear 5,8 milhões de hectares. No entanto, fechou com pouco mais de 5,7 milhões (0,5% a menos). Em produção, passou de 21,8 milhões de toneladas potenciais para 19,2 milhões de toneladas. A colheita de soja atingiu 12% da área total até agora. Do que resta a campo, 61% está em condição boa, 31%, mediana e 8%, ruim.
“Era uma situação que infelizmente já estávamos prevendo”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento. “O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Conab também já vinham falando das perdas e acreditamos que as próximas avaliações devem reduzir mais as perspectivas da safra brasileira e mundial”.
Mas, apesar das perdas paranaenses e brasileiras, a expectativa de produção mundial ainda é boa. O último relatório do Departamento de Agricultura do Estados Unidos apontou uma produção de 399 milhões de toneladas. “Se ficar em torno disso, o preço deve continuar pressionado”, disse o analista de soja do Deral, Edmar Gervásio.
MILHO–O milho de primeira safra paranaense também sente as más condições climáticas. De uma previsão inicial de 2,9 milhões de toneladas, fruto de plantio em 309 mil hectares, a nova previsão passou para 2,6 milhões de toneladas (10,3% a menos). A área plantada foi redimensionada para 291,5 mil hectares (5,6% menor).
“Essa é uma safra pequena no Paraná em comparação com a segunda safra, para a qual estão previstos 14,5 milhões de toneladas, e até agora há boa expectativa produtiva”, acentuou Gervásio. As chuvas observadas nos últimos dias têm ajudado para que o plantio seja realizado em condições ideais. A semeadura deve se fortalecer a partir de fevereiro.
FEIJÃO E ARROZ – O feijão de primeira safra, que fecha a tríade de grãos mais importantes da safra de verão paranaense, está com prognóstico 28% inferior ao potencial. Em agosto de 2023 a previsão era colher 216 mil toneladas, e agora passou para 156,4 mil toneladas, ainda que a área permaneça em torno de 113 mil hectares, como previsto. “Mas é uma safra com tendência de apresentar bons preços”, ponderou o agrônomo Carlos Hugo Godinho, do Deral.
Para o arroz irrigado, que é produzido particularmente no Noroeste do Estado, o potencial de início apontava 152 mil toneladas em 19 mil hectares. Com as chuvas de outubro e novembro de 2023, que deixaram grande parte das lavouras inundadas por alguns dias, houve retração. Atualmente a projeção é de 115 mil toneladas em 18 mil hectares. “Mas em termos de Brasil espera-se uma safra boa”, reforçou Godinho.
OLERÍCOLAS–Entre as principais olerícolas cultivadas no verão paranaense, a batata tem destaque. A primeira safra já foi toda semeada em 14,5 mil hectares. Pelo menos 86% da área foi colhida. No entanto, somente dois terços são considerados de boa qualidade para o comércio, resultado das condições climáticas.
“O mercado do clima na horticultura é uma variável permanente”, disse o engenheiro agrônomo do Deral Paulo Andrade, analista do setor. Segundo ele, os produtores sofreram tanto no plantio quanto no arranquio.
O tomate de primeira safra está quase todo plantado e já com 70% da área, de 2,4 mil hectares, colhida. “A produtividade ficou um pouco abaixo do previsto, também em decorrência do clima”, informou Andrade. A estimativa é de colheita de 131 mil toneladas. Segundo ele, a segunda safra já começou a ser plantada, mas ganhará força em abril.
A cebola teve o ciclo encerrado no Paraná. Foram colhidas 94,4 mil toneladas em 2,7 mil hectares. “Houve boa produtividade, mas também em razão das condições climáticas perdeu em qualidade”, salientou o analista. Do que foi colhido, cerca de 80% já estão comercializados. A segunda safra de cebola é plantada somente no segundo semestre no Paraná.
BOLETIM– Também nesta quinta-feira o Deral divulgou o Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 19 a 25 de janeiro. Ele aponta que a suinocultura paranaense exportou 168 mil toneladas de carne suína em 2023, o maior volume da história para o Estado. Este número representa um crescimento de 7% quando comparado a 2022. Em termos financeiros contribuiu para a balança comercial paranaense com algo em torno de R$ 1,8 bilhão.
Outro destaque é o maracujá. O cultivo da fruta gravitou entre 1,1 mil a 1,4 mil hectares entre 2013 e 2022 com colheitas oscilando entre 14,8 mil e 20,3 mil toneladas e um Valor Bruto da Produção real - deflacionado - variando de R$ 54,5 milhões a R$ 96,8 milhões. A produção estadual está distribuída nos Núcleos Regionais de Paranaguá (22,3%), Jacarezinho (17,4%), Cornélio Procópio (13,3%) e Guarapuava (13,2%), com o município de Morretes sendo o principal produtor (14,6%) e Prudentópolis (9,9%), o segundo. Outros 214 municípios exploram a cultura comercialmente.
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