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Indústria química pode voltar a crescer em 2024

Desempenho de diversos setores, como agricultura, pecuária e indústria da limpeza são algumas das variáveis, de acordo com especialista do mercado

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Dino
14/12/2023 às 13h56
Indústria química pode voltar a crescer em 2024
Unsplash

A crescente demanda por produtos químicos em setores-chave, como agricultura, pecuária, indústria de ração animal, de limpeza e farmacêutica, entre tantos outros, juntamente com a busca contínua por soluções sustentáveis e ecologicamente corretas, está estimulando a inovação e o investimento na indústria química.

Dados recentemente divulgados pela Conab (Companhia Nacional Abastecimento) mostram que as exportações de soja em grãos, de janeiro a novembro de 2023, continuam elevadas. Os embarques do grão foram elevados de 98,06 milhões de toneladas para 100,03 milhões de toneladas. Para 2024, as exportações da oleaginosa estão estimadas em 101,59 milhões de toneladas. Apesar de as mudanças climáticas afetarem o cultivo de muitos produtos, o mercado mantém a confiança nos negócios.

Já em evento realizado recentemente sobre “Perspectivas Agropecuárias para 2024”, iniciativa do Instituto Desenvolve Pecuária, Alex Lopes, gerente de estratégia do Minerva Foods Brasil, disse que a estimativa interna para 2024 é de que o Brasil aumente o consumo de carne em 2,5% – prevendo que a estabilização aguardada para o próximo ano antecipe a alta no ciclo pecuário aguardada para 2025.

Na indústria de ração animal, as projeções do Rabobank para 2024 indicam uma retomada nas entregas de fertilizantes. O banco projeta um grande crescimento no mercado de biológicos em 2024, com uma performance de vendas melhor do que os defensivos químicos. “Devemos esperar uma redução nos custos operacionais das principais culturas do país, em especial os relacionados à adubação”, afirma o analista de Insumos do banco, Bruno Fonseca.

Diante da expectativa de um 2024 estável, vale destacar o quanto essas perspectivas impactam a indústria química nacional. De acordo com João César de Freitas, diretor comercial da Katrium Indústrias Químicas – maior fabricante de potassa cáustica da América Latina – as análises divulgadas mostram que a indústria química tem vários desafios pela frente.

Segundo Freitas, o maior consumidor da potassa cáustica é o setor agropecuário, que a emprega na produção de defensivos agrícolas e fertilizantes foliares. “A potassa cáustica (hidróxido de potássio) é um álcali parecido com a soda cáustica, mas é destinada a aplicações mais nobres, em que o potássio agrega um nutriente ao terreno, em caso de aplicações agrícolas. A eletrólise do sal gera a potassa, mas também cloro, hidrogênio e ácido clorídrico – além do hipoclorito de sódio, que tem como base o cloro”.

Já a indústria de ração animal emprega o fosfato bicálcico na produção de alimento para todas as espécies e fases de criação, sendo a mais nobre fonte de fósforo utilizada. “O fósforo é o segundo macromineral com maiores concentrações no organismo animal, ficando atrás apenas do cálcio.  Por ser muito reativo, o fósforo não existe como elemento livre, mas na forma de fosfatos – fundamentais para a saúde das estruturas ósseas e dentária, além de várias outras funções metabólicas. Ou seja, trata-se de um mineral imprescindível para a vida animal”.

Como o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne do mundo, o setor agropecuário nacional encara o desafio de continuamente suprir a deficiência de fósforo nos solos e nos alimentos básicos para a produção de rações. “Existe uma sinergia entre vários segmentos da economia. Desde o criador e produtor rural, passando pelo fabricante de fertilizantes, de defensivos agrícolas, de ração animal, até a indústria química – que fornece produtos que são a base de todas as formulações citadas. Por isso, toda boa ou má notícia de um desses segmentos impacta a nossa indústria”, diz o executivo da Katrium.  

Outra indústria em ascensão que deve impactar positivamente a indústria química em 2024 é a indústria da limpeza. A ascensão das plataformas de comércio eletrônico tornou os produtos de limpeza domésticos mais acessíveis aos consumidores. A conveniência das compras online contribuiu para o crescimento do mercado. Além disso, pesquisas indicam que os consumidores estão mais dispostos a gastar em produtos de limpeza premium ou especializados – que oferecem benefícios adicionais.

“Desde a pandemia de Covid-19, a população vem se dando conta da relação entre higiene e saúde. Isso tem impulsionado as vendas de produtos de limpeza domésticos, já que os consumidores estão mais conscientes da importância da limpeza e desinfecção dos seus espaços residenciais e de trabalho. Como o ácido clorídrico/cloro entra na composição de vários produtos, a indústria química acaba sentindo as flutuações da indústria da limpeza”, diz Freitas.

De acordo com Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o governo federal está se empenhando para apoiar e estimular a indústria química – que vem sofrendo os reflexos da flutuação de vários setores da economia. “A primeira coisa que fizemos foi recompor os impostos anteriores de importação, que voltam a ser de 11,2%. Também acabamos com os 10% de desconto na Tarifa Externa Comum do Mercosul", diz o ministro – chamando atenção para a retomada do Reiq (Regime Industrial da Indústria Química). “A volta do regime especial melhora as condições de competitividade de um setor que gera 2 milhões de empregos diretos e indiretos no país e responde por 11% do PIB Industrial”.

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