A notícia mais relevante da semana que passou na política paranaense foi sem dúvida o escândalo de corrupção que envolveu o atual Presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSD). Como revelou o Plural, Traiano foi gravado pedindo R$ 200 mil de propina a Vicente Malucelli, então diretor da TV Icaraí, para que fosse renovado o contrato de produção de conteúdos para a TV Assembleia. O episódio repercutiu nas sessões plenárias, onde vários deputados tomaram a palavra na tribuna para mostrar a própria indignação e denunciar que ‘o rei está nu’.
Apesar da onda de indignação, nas diferentes bancadas da Assembleia estão sentados 13 deputados que já responderam no passado ou que ainda respondem de graves irregularidades na Justiça, como rachadinha, improbidade administrativa e inclusive corrupção.
A primeira-secretaria, o segundo cargo mais importante na Assembleia depois da Presidência, é ocupada por Alexandre Curi (PSD), que no passado esteve envolvido no caso do Diários Secretos, uma série de reportagens que em 2010 revelou um esquema de contratação de funcionários fantasmas na Assembleia e que levou o Ministério Público a abrir uma investigação. Curi foi investigado pelo MP por improbidade administrativa por ter supostamente transformado os servidores da primeira-secretária “numa maquina politico-eleitoreira em seu beneficio”. Em 2020, ação contra Curi foi julgada improcedente pela Justiça.
Situação idêntica aconteceu com o deputado Nelson Justus (União), que também foi investigado no Diários Secretos por ter supostamente contratado, como presidente da Assembleia, funcionários inexistentes com a finalidade de desviar dinheiro dos cofres públicos. Também o processo contra ele foi arquivado em 2020.
Somente no último ano, outros dois parlamentares da Assembleia foram envolvidos em escândalos de rachadinha. Os deputados do PL, Gilberto Ribeiro e Ricardo Arruda, foram suspeitos de irregularidades na gestão de salários dos funcionários de seus gabinetes. Ribeiro virou réu na Justiça em outubro deste ano; no dia seguinte Arruda foi alvo de uma busca e apreensão em seu escritório na Assembleia e está ainda sob investigação, embora tenha sempre rejeitado as acusações.
Em 2021, um assessor do deputado Soldado Adriano José (PP) havia denunciado um suposto esquema de rachadinha em seu gabinete mas até hoje nenhuma investigação foi aberta pelas autoridades.
Outro deputado da base do governo que foi suspeito deste tipo de irregularidade foi Luiz Claudio Romanelli (PSD), que em 2015 foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa por ter supostamente se beneficiado de dinheiro provindo da contratação de funcionários fantasmas na liderança do PMDB entre 2000 e 2001. Em 2018, Romanelli foi absolvido e em 2023 a Justiça julgou ‘prejudicado’ o recurso apresentado pelo Ministério Público.
Pelo menos quatro deputados que integram a base do governo foram já suspeitos em passado de ter cometido o crime de improbidade administrativa, ou seja atos contrários à Administração Pública. Em 2014, o deputado Luis Corti (PSB) foi condenado pelo Tribunal da Justiça por atos cometidos quando exercia o cargo de prefeito de São Jorge d’Oeste em seguida a ação foi arquivado porque Corti se comprometeu a compensar o dano causado.
No mesmo partido do governador Ratinho Jr, o PSD, já responderam na Justiça por improbidade administrativa os deputados Hussein Bakri e Artagão Junior, hoje corregedor da Assembleia. Bakri ainda responde de improbidade administrativa em um caso relativo ao período em que foi prefeito de União da Vitoria e que está em tramitação. Naquele episódio, o atual deputado do PSD é suspeito de ter “arquitetado um cenário de estagnação da ordem jurídica municipal no que tange às alíquotas de contribuições previdenciárias”, acusação que Bakri sempre negou.
Por outro lado, Artagão Junior (PSD) foi absolvido da acusação de ter supostamente usado a gráfica da Alep para confecção de cartões congratulatórios, um episódio que teria configurado crime de improbidade administrativa. Apesar da decisão de absolvição, o juiz sublinhou que “mesmo hipoteticamente se reconheça alguma irregularidade administrativa esta, se comprovada, possui natureza diversa do ato improbo”.
Dois deputados que estão atualmente na Assembleia responderam também de casos de corrupção no passado. Tiago Amaral (PSD) foi delatado na operação Publicano por ter recebido R$ 200 mil para sua campanha eleitoral provindo do esquema de corrupção que as investigações estavam apurando na Receita Estadual. Em 2020, junto ao ex-governador Beto Richa (PSDB), o caso contra Amaral foi arquivado pelo MP porque “as demais diligências foram infrutíferas quanto a comprovação dos fatos”.
Outro deputado do PSD que foi acusado de corrupção é Moacyr Fadel. Em 2011, quando atuou como prefeito de Castro, ele foi investigado pelo MP por ter supostamente recebido propina de diretores da concessionária do transporte coletivo deste município. Uma ação que faz parte dos desdobramentos deste processo ainda tramita nas instâncias superiores. Fadel participou as eleições apesar de ter sido condenado em segunda instância por ter aumentado as despesas com pessoal durante os últimos seis meses de mandato como prefeito de Castro. Por conta de uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça em novembro de 2022, ao eleito deputado foi concedido exercer o cargo.