Os reservatórios da Usina Hidrelétrica de Salto Osório, no Rio Iguaçu, estão ajudando a impulsionar a piscicultura do Paraná, que é o maior produtor de peixe de cultivo do Brasil. O governador em exercício Darci Piana participou nesta quinta-feira (23) da inauguração do Píer e do sistema Bioflocos da Alpha Fish, que iniciou em 2021 a produção de tilápia em tanques-rede em São Jorge D’Oeste, no Sudoeste do Estado.
Os tanques-rede são estruturas flutuantes utilizadas para o confinamento de peixes em reservatórios ou cursos d’água, permitindo a produção em alta densidade ao mesmo tempo que mantém a qualidade da água. A empresa paranaense recebeu a outorga do Ministério da Agricultura e Pecuária para explorar um milhão de hectares de água em 12 áreas do lago da usina, com a expectativa de produzir 30 mil toneladas de tilápia até 2030.
“Quase um terço da produção de peixes de água doce é daqui do Paraná, e é a tilápia que puxa esse volume. Com esse empreendimento em São Jorge D’Oeste, o Estado vai incrementar ainda mais a produção da piscicultura”, salientou Piana. “É mais um investimento que abre grandes oportunidades de emprego e renda, além de movimentar a cadeia produtiva da região, com a perspectiva de vender para o mundo inteiro”.
A instalação da primeira área acaba de ser concluída e a empresa avança para a implantação da segunda, que vai elevar a produção de 1,2 mil toneladas por ano para 6,6 mil toneladas/ano, o que equivale a 20% da capacidade prevista. O Píer, que é a unidade de recria e engorda dos peixes, conta com 170 tanques em funcionamento e deve chegar a 480 tanques em 2024. A estrutura completa prevê 3.750 tanques-rede nas 12 áreas de exploração.
Paralelamente, a Alpha Fish inicia um novo empreendimento na cadeia da piscicultura, com a instalação do sistema Bioflocos, dedicado à etapa de cria. Utilizado geralmente para a criação de camarão, a tecnologia será agora usada para a alimentação das larvas de tilápia para a produção de alevinos.
Os bioflocos são partículas orgânicas que ficam suspensas na água e formam um pequeno ecossistema com uma série de organismos. Ao mesmo tempo que serve de alimento, ela ajuda a filtrar as impurezas da água. “É um sistema inovador para a criação de peixes, que é utilizado no camarão, já foi tentando anteriormente nos pescados, mas sem sucesso, e que agora estamos conseguindo fazer dar certo”, explicou o diretor-presidente da Alpha Fish, Gilson Tedesco.
“A vantagem é que garante um custo menor com ração e aumento da imunidade do peixe, que ganha robustez e reduz a mortalidade nos tanques-rede. Nesse lote que estamos trabalhando, a mortalidade fica abaixo de 0,5%”, destacou.
CADEIA COMPLETA– A Alpha Fish tem o objetivo de atingir o ciclo completo da cadeia produtiva da tilápia, com a perspectiva de gerar até 1,6 mil empregos quando todas as unidades estiverem em funcionamento, além de envolver uma cadeia de fornecedores com mais de 6 mil pessoas em toda a região. Também faz parte do projeto a instalação de um frigorífico, prevista para iniciar em 2025, uma fábrica de farelo e uma fábrica de ração.
O investimento, até o momento, chegou a R$ 30 milhões, mas o projeto completo deve receber aporte de R$ 500 milhões. “Além da carne de tilápia, também poderemos comercializar o couro e o colágeno, utilizado na fabricação de gelatina”, ressaltou Tedesco. “Nossa expectativa é boa, porque a tilápia está ganhando mercado e pode se igualar ao consumo de frango no futuro”.
Para a prefeita de São Jorge D’Oeste, Leila da Rocha, os investimentos da empresa e também do empreendimento da Piracanjuba, que vai instalar no município a maior fábrica de queijos do Brasil, estão movimentando a economia da cidade. “Já percebemos tantos rostos diferentes vindo residir no nosso município na expectativa desse grande desenvolvimento. São Jorge D’Oeste vive esse momento importante, com muito empregos sendo gerados e o progresso que anda a passos largos e se reflete no comércio e na renda dos moradores”, disse.
Além da outorga do Ministério da Agricultura, o cultivo no reservatório da usina conta com anuência da Marinha e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), além das licenças ambientais emitidas pelo Instituto Água e Terra (IAT).
Representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, Helinton José Rocha destacou o fortalecimento da cadeia da piscicultura em todo o País. “Os empresários estão vendo esse potencial, desde a venda do insumo, até o desenvolvimento de subprodutos da pesca que viabilizam a cadeia, os empregos e trazem o desenvolvimento regional integrado e responsável e vem complementar esse sistema produtivo”, disse Rocha, que é diretor do Departamento da Indústria do Pescado da Secretaria Nacional de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva.