O Ministério da Agricultura e Pecuária aproveitará uma missão comercial e empresarial prevista para a próxima semana para tentar reverter a decisão do governo japonês em suspender a compra de aves vivas e de carne de aves produzidas em Santa Catarina, após um foco de gripe aviária no estado. Uma comitiva do ministro Carlos Fávaro com exportadores de carnes participará de reuniões e de seminários na Coreia do Sul e no Japão na próxima semana.
Segundo Fávaro, o governo brasileiro está disposto a reabrir o mercado japonês ao frango brasileiro o mais rápido possível. Na segunda-feira (17), o Ministério da Agricultura enviou os esclarecimentos às autoridades sanitárias japonesas. A pasta ressalta que o Brasil continua livre de gripe aviária para aves comerciais.
No sábado (15), foi confirmado um foco de gripe aviária em aves domésticas numa pequena propriedade no município de Maracajá (SC). As aves eram criadas soltas e não destinadas à comercialização. Uma das hipóteses prováveis de contaminação seria a existência de um açude no terreno, por onde passam aves silvestres que entraram em contato com os animais domésticos.
O Ministério da Agricultura ressaltou que cumpriu os protocolos sanitários, com a interdição da propriedade pelo Serviço Veterinário Oficial e o sacrifício das aves, com a destruição e o enterro das carcaças. “De acordo com o Código Sanitário de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a ocorrência da infecção pelo vírus da influenza A de alta patogenicidade [IAAA, na sigla em inglês] em aves silvestres e domésticas de subsistência não compromete a condição do Brasil como país livre de IAAP”, destacou a pasta em nota.
Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santini, reclama que o Japão está aplicando um protocolo mais rígido que os demais países em relação à gripe aviária. “Não concordamos com a decisão de fechar o mercado para todo um estado por causa de aves de fundo de quintal. Esse é um entendimento grave do Japão, porque o Brasil continua livre de influenza em aves comerciais”.
A entidade, ressalta Santini, recomenda aos produtores de aves evitar a entrada de estranhos nas instalações. A associação também aconselha o fechamento dos recipientes de alimentação e de água para impedir que aves silvestres comam a mesma comida e bebam a mesma água que as aves domésticas e comerciais. Em relação às aves silvestres, foram confirmados cerca de 60 casos de gripe aviária no Brasil neste ano, segundo o presidente da ABPA.
Para Santini, a decisão do governo japonês preocupa porque Santa Catarina é o segundo maior exportador de frango do país, atrás do Paraná. “O Japão suspendeu a compra do Espírito Santo por causa de casos em aves de fundo de quintal, mas a decisão não afetou o mercado brasileiro porque o estado não vende para lá. Com Santa Catarina, a suspensão pode afetar a imagem da carne brasileira no exterior”, adverte.
Nos quatro primeiros meses do ano, Santa Catarina registrou aumento expressivo nas exportações de carne de frango. De janeiro a abril, o estado exportou 366,3 mil toneladas, com valor de US$ 786,2 milhões, alta de 8,9% e de 19,1% respectivamente em relação aos mesmos meses de 2022.
No período, o estado respondeu por 23,4% das receitas totais de exportação de carne de frango. O principal mercado das aves catarinenses é a China, cujas vendas cresceram 46,4% em volume e 61,6% em valores na comparação com os quatro primeiros meses de 2022. Em seguida, vem a Arábia Saudita.
A comitiva do Ministério da Agricultura tem agenda na segunda-feira (24) e na terça-feira (25) em Seul. Na quinta-feira (27) e na sexta-feira (28), a missão comercial e empresarial terá eventos em Tóquio.
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