Economia Yuan
Uso do yuan chinês por empresas dos EUA sediadas na Argentina bate recorde, diz mídia americana
A moeda chinesa se representa como solução rápida e de curto prazo ao país vizinho, a fim de manter as linhas de montagem em movimento, já que planejamento de longo prazo é desafiado pela inflação e política instável. A participação de yuan nas transações forex atingiu o recorde de 28% este mês.
25/06/2023 13h26
Por: Redação Fonte: Sputniknews
Reprodução
A Argentina vive uma profunda crise econômica e enfrenta uma oferta cada vez menor dólares. O grave contexto econômico tem levado empresas norte-americanas em território argentino a buscarem opções com a escassez da moeda.
Está tão difícil encontrar dólares no país vizinho que a Whirlpool, a gigante americana de eletrodomésticos, estuda usar o yuan da China para pagar por peças a serem importadas para uma nova fábrica.
A empresa, fabricante de eletrodomésticos com sede em Michigan, investiu US$ 52 milhões (R$ 248 milhões) em sua fábrica nos arredores de Buenos Aires no ano passado para produzir máquinas de lavar e outros produtos.
"Tivemos que parar a fábrica em alguns pontos, e isso não é bom para os negócios, nem para a produtividade nem para a qualidade", acrescentando que a empresa pretende exportar cerca de 70% da produção na Argentina. "Estamos trabalhando para ver como podemos alavancar essa nova via de fluxos e poder continuar importando materiais", afirmou, mas reconheceu que mudar de moeda "não é fácil", disse em entrevista Juan Carlos Puente, presidente da Whirlpool Latin America, ouvido pela Bloomberg.
Caso siga em frente com o plano, a Whirlpool se uniria a empresas argentinas como Mirgor e Newsan, que pagaram importações no valor de US$ 630 milhões (R$ 3 bilhões) entre maio e agosto usando yuan, segundo a agência aduaneira argentina.
De acordo com a mídia, mais de 500 empresas argentinas solicitaram o pagamento de importações em yuan, incluindo eletrônicos, autopeças e fabricantes de têxteis, bem como companhias de petróleo e mineração, de acordo com a agência alfandegária do país.
"O Banco Central não tem dólares, então precisa da ajuda emergencial que a China está oferecendo. Para a Argentina, seus laços monetários com a China representam uma emergência, mas, para a China, é um ponto de alavancagem para aproveitar uma oportunidade geopolítica", afirmou Marcelo Elizondo, economista argentino de comércio.
Recentemente, Pequim permitiu a Buenos Aires que usasse mais da metade de uma linha de swap cambial de US$ 18 bilhões (R$ 86 bilhões) para apoiar o comércio entre os países.
As duas nações compartilham um acordo de swap bilateral desde 2009, que foi concebido como uma espécie de apólice de seguro para fortalecer as reservas internacionais durante crises de liquidez.
"A única opção que resta é acessar o yuan da linha de swap da China", disse Maria Castiglioni, diretora da consultoria C&T Asesores, em Buenos Aires.
A supremacia do dólar no comércio global tem sido abalada pela fragmentação, principalmente nos países em desenvolvimento, causada pela rivalidade EUA-China e pelo desgaste da hegemonia norte-americana globalmente.
desdolarização faria parte do mundo multipolar e da nova ordem mundial em uma nova geopolítica onde vários países têm chance de serem potências. Os conceitos são amplamente defendidos pelas chancelarias do Brasi, Rússia e China.