Três pessoas foram presas neste sábado (01/04) em Roma, após colocarem corante preto na histórica Fontana della Barcaccia, na Piazza di Spagna, um dos pontos mais emblemáticos da capital italiana. O trio protestava contra investimentos em combustíveis fósseis.
A ação tingiu de preto a água, e muitos turistas e moradores que passavam pelo local reagiram ao protesto com vaias. O corante seria um líquido à base de carvão, de acordo com relatos da mídia local.
Os ativistas, dois homens e uma mulher, pertencem ao grupo Ultima Generazione (Última Geração, em português), que reivindicou a autoria do protesto nas redes sociais.
"É um absurdo que vocês se escandalizem com gestos como este quando vivemos uma emergência de seca que põe em crise a agricultura, a produção de energia... nossa própria subsistência. E há responsáveis", escreveu o grupo no Twitter.
O prefeito da capital italiana, Roberto Gualtieri, disse que "jogar líquido preto na Barcaccia com risco de destruí-la é um gesto absolutamente errado, que não ajuda o meio ambiente".
A famosa fonte do século 17, que tem a forma de um barco, foi projetada pelo renomado escultor italiano Pietro Bernini, em alusão à enchente do rio Tibre em 1598. Um dos destinos turísticos mais populares de Roma, ela vai ser limpa e especialistas vão avaliar se houve danos, informou o Ministério da Cultura italiano.
Não é a primeira vez que ativistas do Ultima Generazione atacam o patrimônio italiano. Em novembro do ano passado, três membros do grupo jogaram sopa de legumes em uma obra de Van Gogh que estava emprestada ao Palazzo Bonaparte, em Roma.
Em janeiro, membros do grupo mancharam com tinta a obra Dedo, de Maurizio Cattelan, em frente à Bolsa de Valores de Milão. Em março, o grupo jogou tinta amarela na estátua de Victor Emmanuel II na Piazza del Duomo, em Milão. Uma semana depois, outros dois jovens mancharam com tinta laranja a fachada do Palazzo Vecchio, um dos cartões-postais de Florença, e foram repreendidos pelo próprio prefeito.
Três membros do Ultima Generazione podem ser condenados pelo Tribunal da Cidade do Vaticano por terem colado as próprias mãos à base da escultura Laocoonte e Seus Filhos, do século I a.C. – o que danificou a obra. Se condenados, eles podem receber penas de prisão de um mês a três anos e multa de cerca de 3 mil euros.