A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu dez integrantes de um grupo criminoso que burlava o sistema de vistorias e transferências de veículos. O prejuízo gerado às vítimas é de mais de R$ 3,5 milhões. A ação aconteceu em Curitiba e Região Metropolitana na manhã desta quarta-feira (1). A investigação começou a pedido do próprio órgão de trânsito, que identificou a fraude e imediatamente implementou processo de controle mais rígido.
Oito dos capturados foram presos por mandado de prisão preventiva e os outros dois em flagrante. Durante a ação, ainda foram cumpridos dois monitoramentos eletrônicos e 23 mandados de busca, onde foram apreendidos 13 veículos e duas motocicletas, cocaína, maconha, uma arma de fogo, 31 munições e 49 vasos com sementes de maconha.
Cento e quinze policiais civis participam da ação, que contou ainda com o apoio de peritos da Polícia Científica e servidores do Detran, além do apoio aéreo de um dos helicópteros e cães da PCPR.
“A operação é resultado de uma ação integrada e da troca de informações entre a PCPR e o Detran. O trabalho em conjunto entre os órgãos permitiu que identificássemos os integrantes do grupo que estavam realizando as ações criminosas, bem como identificar o modo como agiam”, afirmou o delegado Edgar Dias Santana.
“A investigação teve um intenso trabalho da Polícia Civil e do Detran trocando experiências, buscando informações ao longo do tempo e, assim, identificamos o grupo. Fazemos constantes aprimoramentos nos nossos sistemas para que a gente consiga localizar isso de forma prévia e adotar as providências necessárias”, afirmou o diretor-presidente do Detran-PR, Adriano Furtado.
As investigações iniciaram há nove meses. Indivíduos que não são servidores do órgão montaram um mercado paralelo para usar senhas de despachantes. Eles concediam os acessos a terceiros, que inseriam dados falsos nos sistemas, colocando em circulação carros furtados ou roubados que eram “regularizados” em nome de laranjas.
O grupo criminoso iniciava a ação utilizando a chave do sistema digital de transferência de veículos de um despachante credenciado ao Detran, e, com ela, alterava os dados dos carros ou motos.
Em posse desses veículos furtados ou roubados, o grupo buscava exemplares iguais no sistema e utilizava documentos falsos para transferir carro ou moto para um “laranja”, inclusive fazendo a transferência de domicílio. Na sequência, ele era vendido para um terceiro.
O proprietário do veículo verdadeiro só percebia que o seu carro não estava mais em seu nome quando fosse pagar os impostos, ao consultar os documentos do veículo pela internet ou ao receber notificação informando mudança de titularidade.
A PCPR apurou que alguns despachantes apontaram que diversas vistorias haviam sido feitas ao mesmo tempo em lugares diferentes, comprovando a distribuição das chaves para diversas pessoas.