Neste sábado (25) será realizada a 1ª Festa da Colheita da Soja Livre de Transgênico da Reforma Agrária Popular do Paraná, em Centenário do Sul, norte do Paraná. Mais de 5 mil pessoas são esperadas para a atividade, que tem presença confirmada dos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Carlos Fávaro, e Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira.
A anfitriã da festa será a comunidade Fidel Castro, formada por cerca de 220 famílias Sem Terra, há 14 anos. A programação terá início às 9h, com o início da colheita às 10h, e ato político às 12h. Também estão confirmados para o ato representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), de deputados federais e estaduais, entre elas a presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann. Prefeitos e autoridades estaduais e locais também estarão presentes.
Junto de outros assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região, a comunidade está preparando um almoço gratuito para todas as pessoas participantes. O cardápio terá churrasco, arroz, mandioca, saladas, farofa, porco no tacho, tudo produzido pelas famílias Sem Terra.
Diego Moreira, integrante do Setor Nacional de Produção do MST e assentado na comunidade Maria Lara, em Centenário do Sul, explica que o Movimento tem avançado na organização de cadeias de produção, e agora expande também para a soja livre de transgênicos. A intenção é organizar a cadeia produtiva completa da soja, desde a produção de sementes, passando pela produção de grãos, até a posterior industrialização e comercialização.
“Estamos também trabalhando na perspectiva de construir agroindústria, tanto para a produção de óleo, quanto para ração, para agregar valor, mas também para transformar a soja numa cadeia produtiva importante para a agricultura familiar, para os assentamentos da reforma agrária”, garante o dirigente.
Atualmente, os assentamentos e acampamentos do MST do Paraná já atuam nas cadeias produtivas do arroz, do milho, do leite, do hortifrúti, da cana-de-açúcar e da erva-mate. São mais de 50 agroindústrias e 20 cooperativas da Reforma Agrária no estado que organizam a produção e a comercialização dos alimentos. Por meio destas estruturas coletivas, as comunidades agregam maior valor à produção, aumentam a renda das famílias e fortalecem o desenvolvimento local e regional.
O plantio de soja convencional, como também é chamada a semente não transgênica, cresce a cada ano em assentamentos e acampamentos do MST. Nas comunidades Fidel Castro e Maria Lara, de Centenário do Sul, as lavouras ocupam 200 hectares.
Os assentamentos 8 de Abril, do município de Jardim Alegre, e Novo Paraíso, em Boa Ventura de São Roque, também iniciarão em breve as colheitas de lavouras de soja orgânica. Em Jardim Alegre, são 44,62 hectares de cultivo do grão livre de transgênico, sendo 8,38 destes de produção orgânica já certificada. Já em Boa Ventura de São Roque, o plantio atualmente é de três hectares de soja orgânica, com perspectiva de crescer nos próximos anos. A produção tem acompanhamento técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).
Ao avançar neste tipo de produção, as famílias Sem Terra reduzem o agrotóxicos e a degradação ambiental e da saúde humana.
Nós, do MST, com a responsabilidade que temos em enfrentar a fome, o desequilíbrio ambiental, a destruição da natureza, não poderíamos deixar de organizar essa importante cadeia produtiva. Essa é mais uma bandeira que estará firme nas mãos do MST, para que possamos organizar mais essa cadeia produtiva, somando com outras tantas que temos nas nossas áreas, para massificar a produção de alimentos, o abastecimento nacional, a soberania alimentar e matar a fome do povo”, completa Diego Moreira.
A produção de alimentos para ajudar no combate à fome é um objetivo permanente das famílias Sem Terra. O Centro de Produção de Alimentos Saudáveis Antonio Tavares, criado pela comunidade Fidel Castro em 2020, faz parte das cerca de 20 horas comunitárias formadas pelo MST durante a pandemia da Covid 19, que permanece até hoje. A intenção é fortalecer as ações de solidariedade com as famílias urbanas que enfrentam a fome.
Por meio de iniciativas conjuntas com outras camponesas e camponeses Sem Terra da região, a comunidade Fidel Castro doou centenas de quilos de alimentos saudáveis a quem mais precisava. Em todo o Paraná, mais de mil toneladas de alimentos foram partilhadas por acampamentos e assentamentos do MST.
A programação da Festa da Colheita também prevê uma visita ao Centro de Produção Antonio Tavares, às 11h.