Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert
O robô foi inspirado por sementes de dente-de-leão e, em última análise, poderia ser usado da mesma maneira: seus criadores esperam que ele possa ser implantado para ajudar a mitigar a perda de polinizadores (como abelhas) que estamos vendo atualmente na natureza. A luz pode ser usada para levantar FAIRY no ar e para controlar o bater de suas cerdas. Depois disso, o robô ultraleve viaja com o vento e pode ser disperso a grandes distâncias, assim como as sementes em que se baseia.
“O FAIRY pode ser alimentado e controlado por uma fonte de luz, como um feixe de laser ou LED”, disse o especialista em micro-robótica Hao Zeng, da Universidade de Tampere, na Finlândia.
“Parece ficção científica, mas os experimentos de prova de conceito incluídos em nossa pesquisa mostram que o robô que desenvolvemos fornece um passo importante em direção a aplicações realistas adequadas para polinização artificial”.
Além de muito leve, o robô FAIRY também é muito poroso em seu design, o que o ajuda a voar. Ele também é capaz de criar seu próprio anel de vórtice, assim como a semente de dente-de-leão, o que aumenta a aerodinâmica e garante que o dispositivo possa percorrer longas distâncias sem qualquer ajuda extra. Há algum nível de controle no vento, já que o formato da máquina voadora pode ser ajustado para corresponder a movimentação do ar – um pouco como a vela de um navio. Porém, não é algo que possa ser pilotado diretamente da mesma forma que um drone, por exemplo.
O robô é feito de filamento cerdoso, com as fibras individuais medindo apenas 14 mícrons de espessura. Conectando as cerdas está um ativador, uma tira dobrável controlada por luz que gerencia a abertura e o fechamento das cerdas do robô.
“Superior às suas contrapartes naturais, esta semente artificial é equipada com um ativador leve e mole”, disse Zeng. “O ativador é feito de elastômero cristalino líquido responsivo à luz, que induz ações de abertura ou fechamento das cerdas após a excitação da luz visível.” Depois de testá-los em túneis de vento e sob luzes de laser, Zeng e seus colegas imaginaram milhões dessas ‘sementes’ artificiais carregando pólen no vento, com a luz usada para direcioná-los para as árvores que precisam ser polinizadas. No entanto, muito mais trabalho precisa ser feito antes que isso aconteça.
Os pesquisadores estão procurando maneiras de controlar com mais precisão onde esses robôs FAIRY pousam e considerando como eles também podem se tornar biodegradáveis. O projeto está programado para continuar suas investigações até agosto de 2026, tendo iniciado em setembro de 2021.
As sementes de dente-de-leão são capazes de viajar dez, às vezes até cem quilômetros em condições quentes, secas e ventosas, graças às suas estruturas engenhosas, algumas das quais foram emprestadas aqui. Sem necessidade de bateria ou fonte de energia direta, esses robôs FAIRY podem fazer o mesmo.
“Isso teria um grande impacto na agricultura global, já que a perda de polinizadores devido ao aquecimento global se tornou uma séria ameaça à biodiversidade e à produção de alimentos”, disse Zeng.
A pesquisa foi publicada na Advanced Science.