Nas últimas semanas têm-se multiplicado quer as notícias de ações de pré-campanha em vários pontos do país quer as acusações mútuas feitas tanto por páginas oficiais ou ligadas ao partido, ou em publicações dos militantes nas redes sociais.
Um dos assuntos mais destacados, que chegou a motivar um comunicado oficial da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) tem a ver com críticas do líder do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Xanana Gusmão, relativamente ao voto do tratado de fronteiras marítimas permanentes com a Austrália.
Em causa está o facto da Fretilin ter votado contra o tratado de fronteiras marítimas, no que Xanana Gusmão considera uma “traição à soberania” nacional, com o partido liderado por Mari Alkatiri a justificar a decisão com o facto do acordo de fronteiras vir `colado` à questão do desenvolvimento do projeto do Greater Sunrise.
Há um ano, o próprio Xanana Gusmão disse à Lusa que a reconciliação com Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, só é possível se este pedir desculpa por o partido ter votado contra a fronteira marítima com a Austrália.
“Só se pedir desculpa ao povo. Porque é que não ratificaram? Se se abstivessem eu até entendia, mas votaram contra. Porquê?” – afirmou em entrevista à Lusa questionado sobre o fim da relação entre ambos.
Mari Alkatiri insistiu, em resposta, que o voto da Fretilin no parlamento em 2019 ocorreu porque o tratado de fronteiras vinha ligado ao Greater Sunrise, argumentando que os dois aspetos deveriam ter sido votados separadamente.
O assunto voltou nos últimos dias ao debate político com Xanana Gusmão, em declarações num encontro de “consolidação” do CNRT em Balibo a acusar Alkatiri de ser “um traidor contra a soberania nacional”.
Em resposta em comunicado, Mari Alkatiri rejeitou a acusação, apelando a Xanana Gusmão para “falar de forma racional e não emocional” nas suas declarações à população e insistindo que o partido não votou contra as fronteiras, até porque “a fronteira total ainda não está definida”.