Curiosidade Múmias
‘Múmia do pântano’ bem preservada descoberta na Dinamarca pode ser restos de um antigo ritual
Um esqueleto antigo e bem preservado – possivelmente remanescente de um sacrifício ritual praticado há mais de 5.000 anos – foi descoberto por arqueólogos na Dinamarca.
25/12/2022 20h36
Por: Redação Fonte: https://universoracionalista.org/mumia-do-pantano-bem-preservada-descoberta-na-dinamarca-pode-ser-restos-de-um-antigo-ritual/#respond
Arqueólogo descobriu ossos humanos de uma perna, pélvis e mandíbula inferior. (Créditos: Christian Dedenroth-Schou/ROMU)

Traduzido por Julio Batista
Original de Hannah Getahun para o Business Insider

Pesquisadores da ROMU, uma organização que representa 10 museus na Dinamarca, estavam escavando no local de um empreendimento habitacional planejado no município de Egedal, perto de Copenhague. Durante a pesquisa, Christian Dedenroth-Schou, um dos membros da equipe, encontrou um fêmur saindo da lama.

Depois de cavar mais fundo na terra, Dedenroth-Schou e seus colegas conseguiram encontrar quase todos os ossos de ambas as pernas, uma pélvis e uma mandíbula.

Os pesquisadores logo perceberam que se tratava de uma “múmia do pântano”, que se refere às dezenas de corpos geralmente masculinos encontrados em pântanos na Europa.

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Os corpos geralmente permanecem intactos, apesar de terem milhares de anos, como resultado dos ambientes ácidos e pobres em oxigênio dos pântanos que dificultam a sobrevivência das bactérias. Este processo também é como a turfa é formada a partir do musgo esfagno.

Uma das múmias do pântano mais famosas, o Homem de Tollund, também foi encontrada na Dinamarca.

O esqueleto não está completo e “não há vestígios diretos de sacrifício”, de acordo com a ROMU, mas os arqueólogos acreditam que a múmia do pântano não foi simplesmente vítima de um assassinato impensado, mas sim de uma cerimônia ritual planejada.

Entende-se que os pântanos desempenharam um papel significativo para os povos antigos do norte da Europa pelos recursos que forneciam e eram considerados “a porta de entrada entre o mundo da humanidade e o mundo dos deuses”, de acordo com o Museu Nacional da Dinamarca. As múmias do pântano desenterradas poderiam ter sido oferendas aos deuses entre 4.300 a.C. e 600 a.C. – ou entre o Neolítico e a Idade do Ferro.

Um machado de pederneira da Idade da Pedra, restos de ossos de animais e cerâmicas foram encontrados perto do local que o esqueleto foi encontrado em Egedal, o que levou os pesquisadores à conclusão de que os itens podem ter sido deixados como parte de um ritual.

Emil Winther Struve, o principal arqueólogo da ROMU, disse à LiveScience que o machado nunca havia sido usado, dando credibilidade à teoria de que o machado foi usado como uma oferenda, e não como uma arma do crime.

“A descoberta se encaixa em uma tradição comprovada de enterrar ritualmente objetos, pessoas e animais no pântano. Isso tem sido amplamente feito nos tempos antigos e provavelmente é uma vítima de tal ritual”, disse Struve em um comunicado à imprensa.

“Descobertas anteriores mostram que é uma área onde rituais ocorreram”.

Muito sobre o esqueleto – incluindo o sexo, onde a pessoa viveu e quando a pessoa morreu – permanece desconhecido.

Emil Struve, o líder da escavação, disse à LiveScience que havia evidências de que o corpo era do Neolítico porque “as tradições de sacrifícios humanos datam dessa época”.

O local foi drenado e os arqueólogos esperam usar a tecnologia de DNA e fazer uma escavação mais completa para encontrar o restante dos ossos quando o solo derreter na primavera do hemisfério norte.

“Você fica pensando se essa pessoa ficaria feliz em ser encontrada ou se preferia ter descansado em paz”, disse Dedenroth-Schou em um comunicado à imprensa, traduzido do dinamarquês.

“Afinal, não sabemos muito sobre a religião deles. Talvez estejamos destruindo uma noção de vida após a morte. Mas, ao mesmo tempo, temos a importante tarefa de garantir que os restos mortais de uma pessoa não sejam apenas desenterrados com um escavadeira e acabar em uma grande pilha de terra.”