A polícia da Bélgica prendeu nesta sexta-feira (09/12) a parlamentar grega Eva Kaili, que é uma das 14 vice-presidentes do Parlamento Europeu, informaram fontes próximas ao caso à agência de notícias AFP. Outras quatro pessoas suspeitas também foram presas – uma delas seria próxima de Kaili, que integra o Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok).
A detenção ocorreu devido a uma investigação do Ministério Público belga sobre corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência que envolveria o Catar, segundo relatos da mídia europeia.
Os procuradores não revelaram as identidades dos suspeitos ou mesmo o nome do país envolvido, dizendo apenas que se tratava de um estado "do Golfo". A fonte, no entanto, confirmou que o fato se concentra em tentativas do Catar de corromper um parlamentar socialista italiano, ex-membro do Parlamento Europeu entre 2004 e 2019.
Sem maiores detalhes sobre as prisões, os investigadores teriam confirmado que tratam-se de pessoas que ocupam "posição política e/ou estratégica significativa" no Parlamento Europeu.
Segundo uma investigação conjunta feita pelos jornais Le Soir (de língua francesa) e Knack (que escreve em flamenco), o ex-parlamentar italiano detido seria o social-democrata Pier Antonio Panzeri, que atualmente chefia a organização não governamental Fight Impunity, focada em denunciar violações de direitos humanos – questionada, a entidade não comentou o episódio.
O Ministério Público da Bélgica anunciou as prisões depois que a polícia descobriu 600 mil euros em dinheiro vivo, além de ter apreendido telefones celulares, durante diligências em pelo menos 16 endereços da capital Bruxelas.
Conforme a investigação, o Catar teria tentado "influenciar decisões econômicas e políticas do Parlamento Europeu, pagando somas substanciais de dinheiro ou fazendo doações significativas".
As publicações dos jornais apontam que um assessor parlamentar e o presidente de outra ONG também foram detidos, bem como o secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC, na sigla em inglês), o italiano Luca Visentini.
Em seu site, a ITUC divulgou que está "ciente das informações que circulam na imprensa", mas se recusou a tecer comentários.
Recentemente, ONGs de todo o mundo acusaram o Catar de desrespeitar direitos trabalhistas e também direitos humanos de trabalhadores que atuaram nas obras dos estádios da Copa do Mundo de 2022.
Há três anos, porém, a Justiça da França investiga um suposto caso de corrupção envolvendo representantes franceses e do Catar durante um almoço no final de 2010 no Palácio do Eliseu, em Paris, que teria levado ao favorecimento do país para sediar a Copa do Mundo deste ano.