Curiosidade Marte
Descoberta colossal em Marte pode revelar magma em erupção sob a superfície
Cientistas podem ter acabado de identificar o culpado por trás dos sinais de vulcanismo recentemente ativo em Marte
06/12/2022 19h48
Por: Redação Fonte: https://universoracionalista.org/descoberta-colossal-em-marte-pode-revelar-magma-em-erupcao-sob-a-superficie/

Traduzido por Julio Batista
Original de Michelle Starr para o ScienceAlert

Abaixo de uma ampla planície chamada Elysium Planitia, uma colossal pluma de convecção de 4.000 quilômetros de largura no manto marciano pode estar levando o magma derretido até a superfície. Isso poderia explicar várias linhas de evidência que apontam para um planeta Marte vulcânico. “Nossos resultados demonstram que o interior de Marte é geodinamicamente ativo hoje”, escreveram os geofísicos planetários Adrien Broquet e Jeffrey Andrews-Hanna, da Universidade do Arizona, EUA, “e implica que o vulcanismo foi impulsionado por plumas de manto da formação das províncias vulcânicas hesperianas e Tharsis é o passado para Elysium Planitia do presente.”

Marte mostrou sinais muito convincentes de estar geologicamente morto, por dentro e por fora. Sua superfície relativamente antiga – parecendo carecer de ressurgimento vulcânico e movimento tectônico recente – e a ausência de um campo magnético global foram consideradas razões para pensar que há pouco mais do que rocha firme e imóvel até o núcleo.

Observações recentes abriram lacunas significativas na noção de um Marte completamente morto. Houve um meteorito de Marte que chegou à Terra e mostrou sinais de convecção do manto há cerca de meio bilhão de anos, por exemplo.

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Em seguida, fotos de satélite revelaram evidências de depósitos de superfície vulcânica de até 50.000 anos de idade em um sistema de fissuras chamado Cerberus Fossae.

E então o Mars InSight, um módulo de pouso que monitora o interior de Marte desde novembro de 2018, revelou uma atividade sísmica contínua significativa consistente com o vulcanismo.

Houve algumas outras observações estranhas. O campo gravitacional local do Elysium Planitia, por exemplo, é extraordinariamente forte, consistente com algum tipo de atividade subterrânea.

Então Broquet e Andres Hanna coletaram dados topográficos, gravíticos, geológicos e sísmicos e começaram a encontrar um modelo que se ajustasse a eles.

Um mapa mostrando a localização da pluma do manto em contexto com as detecções sísmicas do InSight. Tradução da imagem: localização do martemoto e da incerteza (marsquake location and uncertainty), localização do centro do tipo de pluma (plume head centre location) e Cerberus Fossae. (Créditos: Broquet & Andrews-Hanna, Nat. Astron., 2022)

De acordo com sua análise, uma pluma de manto preenche todos os requisitos. Estas são ressurgências de material interior quente que empurram o limite do núcleo-manto de um planeta, forçando o magma para cima e formando pontos quentes da crosta e vulcanismo de superfície.

Para corresponder aos dados observados – incluindo os epicentros da atividade sísmica detectados pelo InSight – a pluma teria pelo menos 3.500 quilômetros de diâmetro e estaria entre 95 a 285 graus Celsius mais quente que seus arredores.

Isso é muito semelhante às plumas do manto na Terra que impulsionaram a atividade vulcânica pré-histórica responsável pela extensa escultura da superfície – os Basaltos de Decão e a Província Ígnea do Atlântico Norte.

“Embora Marte seja menor que a Terra, a formação do topo de plumas igualmente grandes é esperada devido à menor gravidade e maior viscosidade do manto marciano”, escreveram os pesquisadores em seu paper.

“O centro do topo da pluma mais adequado, baseado apenas em dados de gravidade e topografia, está localizado precisamente no centro de Cerberus Fossae, onde o vulcanismo recente e a maioria dos terremotos foram localizados”.

Isso, disseram os pesquisadores, significa que Marte seria o terceiro planeta do Sistema Solar com atividade de pluma de manto, juntando-se à Terra e a Vênus.

É um resultado que significa coisas bastante interessantes para Marte. Talvez não os vulcões de superfície expelindo lava por toda parte, mas o aquecimento interior que poderia impedir que os lagos sob a superfície marciana congelassem. Isso tem implicações para a busca por vida marciana – micróbios que podem estar escondidos nesses lagos, vivendo suas vidas tranquilas longe da detecção humana.

“A atividade contínua da pluma demonstra que Marte não é apenas sismicamente e vulcanicamente ativo hoje, mas também possui um interior geodinamicamente ativo”, escreveram Broquet e Andrews-Hanna.

“Uma pluma abaixo de Elysium Planitia também indica que os fluxos vulcânicos de superfície e a atividade sísmica não são eventos isolados, mas parte de um sistema regional duradouro e ativamente sustentado, com implicações para a longevidade e o potencial astrobiológico de ambientes habitáveis ​​no subsolo”.

A pesquisa foi publicada na Nature Astronomy.