O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira (01/12) estar pronto para conversar com o presidente russo, Vladimir Putin, se ele indicar que está disposto a buscar uma maneira de encerrar a guerra na Ucrânia.
Biden frisou que esse eventual diálogo seria precedido de consulta aos países da Otan, e que Putin não deu sinais de que deseja colocar um fim à invasão do seu país vizinho.
"Não tenho nenhum plano imediato para entrar em contato com Putin. (...) Estou preparado para conversar com Putin, se de fato houver um interesse dele em decidir que busca uma forma de acabar com a guerra. Ele não fez isso até o momento", afirmou Biden.
"Há um caminho para esta guerra acabar, o caminho racional. Em primeiro lugar, Putin poderia se retirar da Ucrânia. Aparentemente, ele não fará isso. Ele está pagando um preço muito alto por não fazer isso", disse o presidente americano.
Os EUA são os grandes financiadores da guerra da Ucrânia, e já destinaram quase 20 bilhões de dólares (R$ 104 bilhões) ao país em ajuda militar direta desde o início do conflito. A fala de Biden indica abertura para uma solução negociada para o fim da guerra.
A declaração foi dada após uma reunião de Biden com o presidente da França, Emmanuel Macron, na Casa Branca. Em uma entrevista coletiva, Macron anunciou que a França aumentaria seu apoio militar à Ucrânia e que nunca pressionaria os ucranianos a assumir um acordo que não fosse considerado aceitável por eles.
Kiev é contra a negociação de um cessar-fogo neste momento, que poderia significar a perda de parte de seu território para Moscou.
Autoridades francesas afirmaram ao jornal New York Times que, durante a reunião bilateral entre os dois presidentes, ambos teriam concordado que mais vitórias ucranianas no campo de batalha seriam úteis para fortalecer a posição de Kiev em uma eventual negociação com Moscou.
O Kremlin reagiu na sexta-feira à fala de Biden e rejeitou os termos colocados pelo presidente americano para dialogar com Putin.
"O que o presidente Biden disse de fato? Ele disse que as negociações só são possíveis depois de Putin deixar a Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas, enfatizando que Moscou "certamente" não aceitará essa condições.
"Os Estados Unidos não reconhecem os novos territórios como parte da Federação Russa", disse Peskov, referindo-se a áreas da Ucrânia que o Kremlin reivindica ter anexado.
Em setembro, Moscou realizou pseudorreferendos em quatro regiões da Ucrânia – Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporíjia – e disse que a maioria de seus moradores teria votado a favor da anexação. A ONU condenou a "tentativa de anexação ilegal" de território ucraniano.
"A operação militar especial [como a Rússia se refere à guerra na Ucrânia] continua", afirmou Peskov.